BANCO CENTRAL

Servidores do BC decidem manter greve e querem reajuste salarial de 13,5%

Decisão ocorre no mesmo dia em que Bolsonaro coloca em dúvida se concederá reajuste para servidores neste ano

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 07 de junho de 2022 | 19:00
 
 
 
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Em assembleia virtual realizada nesta terça-feira (7), servidores do Banco Central decidiram continuar cruzando os braços por tempo indeterminado. A decisão foi tomada por 80% dos votos, segundo informou o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal).

Na mesma assembleia, os servidores decidiram também apresentar ao governo federal uma contraproposta de 13,5% de reajuste salarial mais um conjunto de reivindicações não salariais, que envolvem reestruturação de carreira. 

"A greve tem adesão majoritária e vai continuar a afetar a divulgação da PTAX [taxa de câmbio calculada diariamente pelo BC] a assinatura de processos de autorização no sistema financeiro, a realização de eventos e reuniões com o sistema financeiro e outras atividades. O Pix não vai ser interrompido: é uma criação dos servidores do BC em prol da sociedade brasileira", informou em nota o presidente do Sinal, Fábio Faiad.

Os funcionários da instituição monetária suspenderam a greve durante duas semanas para tentar negociar com o Executivo federal e com o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Porém, diante da falta de avanços, retomaram a greve no início de maio. 

O reajuste proposto pela equipe econômica do ministro Paulo Guedes é de 5% para todo o funcionalismo. Porém, mais cedo, nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afastou a possibilidade de reajustar salários de servidores públicos federais neste ano. 

De acordo com ele, "tudo indica que não será possível" conceder o aumento ao funcionalismo. O mandatário destacou, porém, que reajustes e propostas de reestruturação de carreiras estão programados para 2023.

“Então, eu lamento. Pelo que tudo indica, não será possível dar nenhum reajuste para servidor no corrente ano. Mas já está na legislação nossa, a LOA [Lei Orçamentária Anual], de que para o ano que vem teremos reajustes e reestruturações”, disse em entrevista para o SBT.

"Há tempo hábil para concessão do reajuste e nós vamos intensificar a greve nos próximos dias, inclusive com a adesão de chefes-adjuntos e consultores dos departamentos, que são comissões mais altas. Vamos continuar batalhando pelo reajuste, não dá para aceitar esse 0% que Bolsonaro quer impor", reagiu Faiad.

Entenda o embaraço do governo para conceder reajuste aos servidores federais

A intenção de conceder reajuste ao funcionalismo foi declarada por Bolsonaro no final de 2021, quando articulou, com o Congresso Nacional, uma reserva no Orçamento de 2022 de R$ 1,7 bilhão para atender às reivindicações das categorias da segurança pública.

Desde o início deste ano eleitoral, o governo, que tentará ser reeleito em outubro, ensaia propostas de reajustes para conter as pressões dos servidores, incluindo os policiais, com greves e paralisações.

Em reportagem anterior de O TEMPO, foi mostrado o quão apertado está o prazo para que Bolsonaro assine o reajuste salarial, devido às regras eleitorais aplicadas à Lei de Responsabilidade Fiscal. 

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