Mistério

Sumiço na Amazônia: ONU critica ação “extremamente lenta” e cobra governo

Organização cobrou que as autoridades “redobrem esforços para as operações de busca pela dupla no Vale do Javari, na Amazônia

Por Renato Alves
Publicado em 10 de junho de 2022 | 09:27
 
 
 
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A Organização das Nações Unidas (ONU) publicou uma nota nesta sexta-feira (10) com duras críticas ao governo brasileiro por causa da falta de informações sobre o paradeiro indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, desaparecidos na Amazônia desde domingo (5).

Para a ONU, a reação do governo brasileiro tem sido “extremamente lenta”.

A organização cobrou que as autoridades “redobrem esforços” para as operações de busca pela dupla no Vale do Javari, que, como lembrou a ONU, é o segundo maior território indígena do Brasil. 

“A área também é seriamente afetada pelo tráfico ilegal, mineração e pesca, e supostamente sofre com o aumento das atividades de grupos armados”, completou a organização.

“Exortamos as autoridades brasileiras a redobrar seus esforços para encontrar Phillips e Pereira, com o tempo essencial, tendo em vista os reais riscos aos seus direitos à vida e à segurança. Por isso, é crucial que as autoridades dos níveis federal e local reajam de forma robusta e rápida, inclusive implantando plenamente os meios disponíveis e os recursos especializados necessários para pesquisar efetivamente sobre a área remota em questão”, ressalta a ONU.

A nota destaca ainda que “Phillips e Pereira têm desempenhado papéis importantes na conscientização e defesa dos direitos humanos dos povos indígenas da região, inclusive por meio do monitoramento e denúncia de atividades ilegais no Vale do Javari”.

A ONU foi além em sua manifestação. 

“Ressaltamos também nossa preocupação quanto ao contexto mais amplo de constantes ataques e assédios enfrentados por defensores dos direitos humanos, ambientalistas e jornalistas no Brasil. As autoridades têm a responsabilidade de protegê-los e garantir que possam exercer seus direitos, inclusive à liberdade de expressão e associação, livres de ataques e ameaças.”

A organização reiterou “apelos pela proteção dos direitos dos povos indígenas no país, particularmente aqueles em isolamento voluntário ou contato inicial. 

“As autoridades devem adotar medidas adequadas para garantir seus direitos à terra, territórios e meios de subsistência tradicionais, ao mesmo tempo em que as protegem de todas as formas de violência e discriminação, tanto por atores estatais quanto por atores não estatais”, conclui a nota.

Ministério da Justiça libera Força Nacional no Amazonas

Também nesta sexta-feira, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública determinou a liberação do uso da Força Nacional no Amazonas, onde Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram.

A portaria foi publicada no Diário Oficial da União. O texto especifica que o contingente militar será destinado a "ações de combate ao crime organizado, ao narcotráfico e aos crimes ambientais". 

Ou seja, a Força Nacional vai atuar no combate aos crimes que motivaram a ida de Dom Phillips à região para apuração de um livro que escreve com apoio de uma instituição estrangeira. 

O único suspeito por envolvimento no sumiço da dupla que segue preso, Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, é acusado de praticar tais crimes. 

Na noite de quinta-feira (9), a Justiça do Amazonas decretou a prisão temporária dele, pelo prazo de 30 dias. Peritos da Polícia Federal encontraram vestígio de sangue no barco de Pelado. O material está sob análise.

Reforço também para Boa Vista e Pacaraima

De acordo com a portaria publicada pelo Ministério da Justiça nesta sexta, fica autorizado, por 90 dias, operações "na calha do Rio Negro e Solimões, no Estado do Amazonas, em atividades e serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio"

Além do Amazonas, o ministério também autorizou o uso da Força Nacional nas cidades de Boa Vista e Pacaraima, em Roraima, também por 90 dias.

Bolsonaro chegou a culpar desaparecidos

No início da semana, o presidente Jair Bolsonaro adotou um discurso em que jogava a culpa para os desaparecidos, afirmando que eles participavam de uma “aventura”. 

Já nesta quinta-feira (9), ele foi ao Twitter para reiterar o uso das forças de segurança para solucionar o caso. Bolsonaro fez a manifestação em Los Angeles, onde foi recebido com protestos, antes de encontro com o presidente Joe Biden.

Há pouco mais de um mês, congressistas brasileiros foram à Boa Vista após denúncias de estupro e morte de uma menina ianomâmi de 12 anos por garimpeiros. (Com Estadão Conteúdo)

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