BRASÍLIA - A Polícia Federal (PF) deve concluir nesta quinta-feira (21) e enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) seu relatório final do inquérito que trata de suposto plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República.
A investigação começou após os atos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas por apoiadores de Bolsonaro que pediam intervenção militar para manter o ex-presidente no poder, com prisão de Lula e ministros do STF.
As pessoas indiciadas neste inquérito deverão responder pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. A Procuradoria Geral da República (PGR) também receberá uma cópia do documento para se manifestar contra ou a favor do resultado da investigação.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e integrantes do seu governo, incluindo ex-ministros, são investigados por integrar a suposta trama golpista e devem estar na lista de indiciados, assim como militares de alta patentes que não ocupavam cargos na administração federal.
Na última terça-feira (19), a PF deflagrou uma operação para desarticular organização criminosa responsável por planejar um golpe de Estado que seria desencadeado em dezembro de 2022, para impedir a posse de Lula. Ele envolvia os assassinatos, a tiros ou com envenenamento, do petista, de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Durante a operação, a PF prendeu um agente da corporação e quatro militares do Exército acusados de integrar o plano, denominado Punhal Verde e Amarelo. Os militares são integrantes das Forças Especiais do Exército, também conhecidos como “kids pretos”, altamente especializados em ações de guerrilha, infiltração e outras táticas militares de elite usadas em ações clandestinas.
‘A tentativa de envenenar eu e o Alckmin não deu certo’, diz Lula
Pela primeira vez, Lula comentou publicamente, nesta quinta-feira, a operação da PF. “Eu sou um cara que tem que agradecer agora muito mais porque eu estou vivo. A tentativa de envenenar eu e o Alckmin não deu certo. Nós estamos aqui”, afirmou Lula ao microfone, em um evento no Palácio do Planalto para divulgar planos do governo federal para a concessão de rodovias ao setor privado.
“Quando nós disputamos as eleições, eu dizia que um dos meus desejos era trazer o Brasil à normalidade. À civilidade democrática em que a gente faz as coisas da forma mais tranquila possível, sabendo que você tem adversário político, que você tem adversário ideológico, mas sabendo que de forma civilizada, você perde, você ganha. Você consegue fazer uma coisa e na outra vez, não consegue”, prosseguiu.
Lula citou ainda o plano do seu governo para a concessão de rodovias e voltou a citar as revelação da operação da PF. Sem citar nominalmente Jair Bolsonaro, o petista também falou do governo passado.
“Eu não quero envenenar ninguém, e nem perseguir ninguém. A única coisa que eu quero é que quando terminar o meu mandato, a gente desmoralize com números aqueles que governaram antes de nós. Eu quero medir com números quem fez mais escolas, que mais cuidou dos pobres, mais fez escolas, quem pagou mais salário-mínimo. É isso que eu quero medir porque é isso que conta no resultado da governança.”