BRASÍLIA - A juíza Sandra Regina Soares, da 9ª Vara Federal de Curitiba, condenou oito pessoas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) por organização criminosa e tentativa de extorsão mediante sequestro do ex-juiz federal e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
Três réus foram absolvidos e outros dois - dos 13 acusados de participar do plano - acabaram assassinados antes do julgamento, em junho de 2024, na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, a P2, em Presidente Venceslau (SP).
De acordo com as investigações, o PCC planejava matar Moro em represália a uma decisão tomada por ele enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública (2019-2020) no governo de Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, ele assinou uma portaria restringindo visitas a detentos em penitenciárias federais, onde há líderes da facção presos.
Criminosos também trabalhavam com a ideia de sequestrar Moro como forma de negociar a liberação de Marcola, líder do PCC condenado a mais de 300 anos de prisão por crimes como roubo, tráfico de drogas e organização criminosa.
Entre os condenados estão Claudinei Gomes Carias (14 anos de detenção), Franklin da Silva Correa (11 anos), Herick da Silva Soares (11 anos), Aline Arndt Ferri (11 anos), Cintia Aparecida Pinheiro (11 anos), Aline de Lima Paixão (11 anos), Oscalina Lima Graciote 5 anos) e Hemilly Adriane Mathias Abrantes (5). Os três primeiros deverão cumprir as penas em regime inicial fechado e o restante no semiaberto.
Moro quer saber quem mandou matá-lo
Nas redes sociais, Sergio Moro elogiou a atuação do Ministério Público, da Justiça Federal e das polícias, mas questionou a falta de indicação do mentor do seu plano de morte. "Falta descobrir o mandante do crime e a investigação da PF precisa continuar com este objetivo. Solicitarei providências nesse sentido ao Ministro da Justiça. Não nos curvaremos a criminosos", escreveu.
A operação que desarticulou o plano, batizada de Sequaz, foi deflagrada em 2023 pela Polícia Federal. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a questionar a veracidade do plano de ataque contra Moro, classificando-o como uma possível “armação” do ex-juiz. “Eu não vou falar, porque acho que é mais uma armação do Moro, mas eu quero ser cauteloso. Eu vou descobrir o que aconteceu”, declarou Lula, na ocasião.