INQUÉRITO

Comandantes atacados por bolsonaristas complicam situação de Bolsonaro no STF

Freire Gomes, do Exército, e Baptista Júnior, da Aeronáutica, disseram à PF que Bolsonaro apresentou plano de golpe

Por Levy Guimarães
Publicado em 15 de março de 2024 | 20:21
 
 
 
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Os ex-comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, foram os que confirmaram, à Polícia Federal (PF), a versão de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou e até modificou um suposto plano de golpe de Estado para se manter no poder após as eleições de 2022.

Ao mesmo tempo, eles foram xingados pelo entorno bolsonarista por não terem embarcado no que seria a trama golpista proposta pelo presidente e por outros generais, como os ex-ministros Walter Braga Netto, que era candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, e Augusto Heleno.

De acordo com a PF, em uma conversa por mensagens com o ex-militar Ailton Barros, que foi candidato a deputado estadual em 2022, Braga Netto chamou Freire Gomes de “cagão” e apoiou “oferecer a cabeça dele aos leões”.

Já Baptista Júnior afirmou em seu depoimento que chegou a ser chamado de “melancia” e de “traidor da pátria” nas rede sociais e por influenciadores bolsonaristas.

Ambos disseram que Bolsonaro não só sabia da chamada “minuta golpista” como apresentou, em reuniões no Palácio do Alvorada, opções de medidas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que envolviam prisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Os ex-comandantes contaram que Bolsonaro convocou reuniões no Palácio do Alvorada, logo a após a derrota para Lula no segundo turno das eleições de 2022, para apresentar “hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e sítio em relação ao processo eleitoral”. 

Baptista Júnior relatou aos investigadores que Freire Gomes chegou a comunicar que prenderia Bolsonaro caso ele tentasse colocar em prática um golpe de Estado. Por outro lado, o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, colocou as tropas à disposição ao discutir as minutas apresentadas por Bolsonaro, segundo Baptista Júnior.

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