Investigação

Jair e Michelle Bolsonaro ficam em silêncio em depoimento à PF sobre joias

O casal e seis aliados são citados na investigação sobre suposto desvio, venda, recompra e devolução de presentes de alto valor recebidos de autoridades estrangeiras

Por Renato Alves
Publicado em 31 de agosto de 2023 | 12:45
 
 
 
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seguiram com a estratégia de ficar em silêncio no depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (31), usando uma prerrogativa permitida em lei. Os dois e seis aliados foram intimados para depor simultaneamente sobre as joias recebidas da Arábia Saudita. Todos são citados na investigação sobre suposto desvio, venda, recompra e devolução de presentes de alto valor recebidos de autoridades estrangeiras.

Os advogados de Jair e Milchelle Bolsonaro alegam que a Procuradoria Geral da República (PGR) não reconheceu a competência no Supremo Tribunal Federal (STF) neste caso. “No pleno exercício de seus direitos e respeitando as garantias constitucionais que lhes são asseguradas, optam por adotar a prerrogativa do silêncio no tocante aos fatos ora apurados”, disse um trecho da petição apresentada pela defesa.

O casal chegou à sede da PF, em Brasília, às 10h40 desta quinta, acompanhados de Fábio Wajngarten, advogado e ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência. Também intimado a depor, Wajngarten decidiu usar da mesma prerrogativa de ficar em silêncio.

Além de Jair, Michelle e Fábio foram intimados para depor à PF nesta quinta:

  • Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
  • General Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid e amigo de Bolsonaro
  • Frederick Wassef, advogado de Jair Bolsonaro
  • Tenente Osmar Crivelatti, ex-assessor da Presidência da República
  • Coronel Marcelo Câmara, ex-assessor da Presidência da República

A PF decidiu realizar os interrogatórios ao mesmo tempo para evitar uma combinação de versões dos investigados. Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, que é o responsável pelo inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu a comunicação entre os envolvidos justamente para evitar um possível ajuste de versão.

Na última segunda-feira (28), Mauro Cid ficou 10 horas na sede da PF em Brasília prestando depoimento sobre o caso. Ainda não se sabe o que ele contou, mas, em outras oportunidades, ele admitiu que recebia os presentes de luxo dados a Bolsonaro. A PF interceptou mensagens do ex-ajudante de ordens negociando um relógio da marca Rolex nos Estados Unidos. 

O pai dele é apontado como o responsável por vender os artigos de luxo recebidos por Bolsonaro. O dinheiro apurado iria para o ex-presidente. A família Cid tem casas na Flórida, para onde Bolsonaro e Michelle se mudaram após o término da gestão. Mauro Cid e a família foram juntos. A PF diz ter provas da venda, pelo general Mauro Lourena Cid, de itens recebidos por Bolsonaro na Presidência nesse período de auto exílio nos EUA.

 

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