CRÍTICAS

Marco Aurélio defende Moro e diz que STF ajudou a enterrar a Lava Jato

Nos 10 anos da operação, ex-ministro diz que não houve conluio entre Moro e Deltan Dallagnol

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 17 de março de 2024 | 12:45
 
 
 
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O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, defendeu a operação Lava Jato, que neste domingo (17) completa dez anos. Em uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele defendeu o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União-PR) e o ex-procurador e deputado federal cassado Deltan Dallagnol.

Questionado se o STF ajudou a enterrar a operação ao decretar a suspeição de Moro para julgar casos como o do hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre outros, Marco Aurélio concordou.

“Quando se concluiu, por exemplo, que o juízo da 13.ª Vara Criminal do Paraná não seria competente, se esmoreceu o combate à corrupção. Aí talvez a colocação daquele senador da República (Romero Jucá), que disse que “precisamos estancar essa sangria”, acaba se mostrando procedente”, afirmou.

Na avaliação de Marco Aurélio, os rumos da Lava Jato poderiam ter sido diferentes caso o ex-relator da operação, o ministro Teori Zavascki, não tivesse falecido em um acidente aéreo. Além disso, para ele, pessoas que cometeram crimes “se aproveitaram” da onda contrária à investigação, nos últimos anos, para “lograr proveitos”. 

“Se fala em conluio entre a magistratura e o Ministério Público, julgador e acusador. Que conluio? O diálogo é saudável, o diálogo sempre existiu. O juiz sempre esteve aberto a ouvir o Ministério Público, fazendo a ponderação cabível. Colocar cada qual em uma redoma, em um isolamento de não poderem conversar é um passo demasiadamente largo e não é democrático”, diz, ao defender Moro e Dallagnol.

Para o ex-ministro, Deltan Dallagnol teve seu mandato na Câmara dos Deputados cassado injustamente, em 2023.

“A meu ver, ele foi caçado com ç e não com ss. Simplesmente se presumiu que, quando ele pediu exoneração, o fez para fugir a um processo administrativo que poderia levar à declaração de inelegibilidade. É presumir o excepcional e não o corriqueiro”.

Por outro lado, Marco Aurélio acredita que Moro cometeu um erro ao aceitar o convite do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser ministro da Justiça e Segurança Pública, no fim de 2018, logo após as eleições, e largar a carreira de juiz federal.

“Eu disse a ele, com a franqueza própria dos cariocas, que ele tinha cometido um ato, a meu ver, insano. Abandonar um cargo alcançado por concurso público, uma função que o tornou herói nacional, para ser auxiliar de um presidente da República demissível a qualquer momento. Eu disse: ‘rapaz, como você abandona uma caneta dessa’”.

Por fim, Marco Aurélio acredita que as reviravoltas nos julgamentos relacionados à Lava Jato pioraram a imagem do STF perante à sociedade.

“Eu só ouço críticas quanto ao Supremo. Eu indago: hoje qualquer dos integrantes sai à rua? Eu sempre saí à rua e nunca fui hostilizado. Eu não creio que qualquer colega que tenha assento no Supremo saia sozinho hoje à rua e frequente locais públicos sem estar com uma segurança maior”.

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