Pedido de prisão

Polícia Federal aponta risco de interferência na extradição de Allan dos Santos

Suposta interferência seria do Secretário Nacional de Justiça, segundo delegada em documento enviado ao STF

Por Lucyenne Landim
Publicado em 07 de dezembro de 2021 | 17:35
 
 
 
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A Polícia Federal afirmou que há risco de interferência do Ministério da Justiça no processo de extradição do blogueiro Allan dos Santos. A informação está em ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (7), que destaca também a necessidade de adotar medidas para resguardar os próximos passos da investigação.

O blogueiro, que está nos Estados Unidos, tem pedido de prisão preventiva autorizado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes por disseminar informações falsas e promover discursos de ataque a integrantes da Suprema Corte.

No documento, a delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro relata que o secretário Nacional de Justiça, José Vicente Santini, ao saber do pedido de extradição de Allan, pediu a outra unidade do Ministério da Justiça o acesso a documentos restritos e determinou a alteração no fluxo de processos do mesmo tipo para que pudesse ter assinatura na decisão.

De acordo com o ofício, o objetivo seria criar “etapa de submissão do pleito ao Secretário Nacional de Justiça, com o propósito de criar instância, até então inexistente, no pedido de extradição ativa de Allan dos Santos aos Estados Unidos da América, embaraçando o curso da apuração daquilo que se supõe ser a atuação de organização criminosa investigada”.

A diretora da unidade em questão, Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, que comandava o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), negou o pedido por ausência de previsão normativa e o encaminhou para análise jurídica.

Por conta disso, a Polícia Federal aponta que as medidas adotadas na extradição do blogueiro “abrem o caminho para que novas ações ou omissões, no âmbito da Secretaria Nacional de Justiça, prejudiquem a tramitação da extradição”, sendo preciso criar ações para reduzir e desestimular as tentativas de interferência no fluxo normal do processo.

A delegada destaca, no entanto, que a interferência não está confirmada. “As medidas realizadas pelo secretário [Santini], não incidiram, até o presente momento, de maneira a interferir efetivamente na tramitação, mesmo porque a demanda ainda se encontra sob o crivo das autoridades americanas. A interferência, portanto, apesar de presente o risco, ainda é uma cogitação”, ressaltou.

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