A aliança fechada entre o candidato a governador Alexandre Kalil (PSD) e o ex-presidente Lula (PT) no mês de maio foi muito comemorada por aliados do ex-prefeito de Belo Horizonte. Na ocasião, eles enxergavam o apoio do petista como o passaporte para Kalil se tornar conhecido e conquistar votos, principalmente no interior de Minas Gerais.
Dois meses depois, no entanto, a última rodada da pesquisa DATATEMPO aponta que a campanha de Kalil ainda não conseguiu converter o apoio de Lula em votos concretos, mesmo que a comunicação do ex-prefeito de Belo Horizonte em entrevistas e nas redes sociais destaque a todo o momento que os dois estão juntos.
Na pesquisa estimulada, Kalil tem 23,2% das intenções de voto. Quando o nome dele é apresentado como apoiado por Lula, o índice cresce para 37,2%. Na prática, isso significa que há espaço para o ex-prefeito crescer 14 pontos percentuais.
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Com o apoio de Lula, Kalil ultrapassa Romeu Zema (Novo), que, apoiado por Felipe D’Ávila (Novo), cai de 48,3% dos votos para 27,5%. Vale ressaltar, porém, que, na pesquisa estimulada, sem que as alianças sejam informadas aos entrevistados, Zema permanece na liderança com folga e vence no primeiro turno quando levados em conta apenas os votos válidos.
Até agora, Kalil fez um único evento de pré-campanha com Lula. O ato no dia 15 de junho em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, marcou o lançamento da aliança entre os dois. O ex-prefeito de Belo Horizonte também lançou um jingle com o refrão “Lula e Kalil” e tem publicado diversos vídeos nas redes sociais se associando ao ex-presidente da República.
As ações surtiram pouco efeito até o momento, e o potencial de votos de Kalil com Lula diminuiu. Na rodada da DATATEMPO realizada entre o final de maio e o início de junho, o apoio do petista aumentava a intenção de votos do ex-prefeito para 40,4%, contra 37,2% da pesquisa atual.
“Nas redes sociais do Kalil, ele já está fazendo uma divulgação muito grande do apoio do Lula a ele, mas estamos vendo que esse esforço nas redes não está se refletindo em intenções de voto concretas”, explica a analista da DATATEMPO, Bruna Assis. “O tempo de TV vai ajudar bastante nesse sentido, porque a televisão chega mais às pessoas, assim como os dois participarem de comícios juntos”, completa.
Uma hipótese é que Kalil desacelerou a pré-campanha desde que fechou a aliança com Lula. Como mostrou O TEMPO, nas quatro semanas desde a oficialização da aliança, ele fez dez viagens a cidades do interior e teve duas agendas em Belo Horizonte e na região metropolitana. O ritmo foi inferior ao período anterior à aliança, quando o candidato a governador visitou nove municípios no intervalo de duas semanas.
Embora a pesquisa de junho não possa ser comparada diretamente com a atual porque a lista de candidatos é diferente, Zema registrou movimento contrário: com o apoio de Felipe D’Ávila, ele tinha 24,4% há um mês, e agora tem 27,5%.
Viana cresce com apoio de Bolsonaro
Já o senador Carlos Viana (PL) também tem a candidatura a governador impulsionada com apoio de um presidenciável. Quando é dito aos eleitores que ele tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), as intenções de voto dele sobem 12,3 pontos percentuais, de 3,7% para 16%.
No caso de Viana, o principal desafio é conseguir que Bolsonaro, de fato, se engaje em sua campanha e faça declarações e gestos públicos de apoio, o que não aconteceu desde que o senador trocou o MDB pelo PL em abril para ser candidato ao governo de Minas.
Na última viagem de Bolsonaro ao Estado, no dia 15 de julho, em Juiz de Fora, o presidente nem sequer citou que Viana era pré-candidato ao governo de Minas. O senador não participou da agenda de mais repercussão na cidade, quando Bolsonaro voltou pela primeira vez à Santa Casa de Misericórdia, hospital onde foi operado após a facada na campanha de 2018. O pré-candidato a governador preferiu permanecer em uma convenção de igrejas evangélicas, que o presidente havia visitado rapidamente.
Para Assis, o apoio declarado de Bolsonaro a Viana “é um passo muito importante”, mas ela pondera que a rejeição do presidente é um impeditivo na transferência de votos. “Mesmo sendo presidente, o Bolsonaro tem um nível de rejeição tão alto (54,5%) que o apoio dele não tem o mesmo efeito que o apoio do Lula (rejeição de 39,2%) a Kalil”, afirma a analista.
Ao contrário de Zema e Kalil, que terão as pré-candidaturas confirmadas sem maiores problemas, Viana ainda enfrenta uma indefinição partidária. Na convenção estadual do PL realizada na última quarta-feira (20), ficou decidido que caberá a direção nacional da sigla decidir se ele será candidato a governador.
O partido é presidido nacionalmente por Valdemar da Costa Neto, aliado de Bolsonaro, que precisa de um palanque garantido em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país. O prazo para a decisão ser tomada é o dia 5 de agosto.
A pesquisa DATATEMPO foi realizada pelo instituto com recursos próprios. Os dados foram coletados entre 15 e 20 de julho de 2022. Foram realizadas 2.000 entrevistas domiciliares. A margem de erro é de 2,19 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada sob os protocolos TSE BR-08880/2022 e TRE MG-08733/2022.