BRASÍLIA - O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O argumento central é o descumprimento de medidas cautelares, segundo constatou a Polícia Federal (PF) em inquérito que investiga a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. Mas Lindbergh também justifica que há risco real de fuga de Jair Bolsonaro para embaixadas de países aliados a ele em Brasília.
"É muito grave o pedido de asilo político na Argentina. Temos que lembrar que Bolsonaro também já passou dois dias na embaixada da Hungria", afirmou nesta sexta-feira (22/8). "Não descartamos a possibilidade de fuga de Bolsonaro. Da casa dele para a embaixada dos Estados Unidos são dez minutos", argumentou o líder do PT.
Lindbergh também defende que a conversão da prisão domiciliar de Bolsonaro em preventiva serviria para manter a ordem pública nestes dias que antecedem o início do julgamento do inquérito do golpe. O ex-presidente é o principal réu da trama golpista e será julgado a partir de 2 de setembro pela Primeira Turma do STF.
"Não tenho dúvida de que esse grupo bolsonarista vai tentar escalar a situação no período do julgamento", alertou. "Se alguém tem dúvida de que vão escalar, está com a visão equivocada. A política deles é tudo ou não. Não podemos deixar que o julgamento aconteça em um clima de intranquilidade no país", completou.
O líder do PT afirmou ainda que não descarta a possibilidade de que aconteça um novo motim da oposição com obstrução física do plenário da Câmara. Ele cobrou que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), esteja atento para impedir a movimentação antes que ela aconteça.
Risco de prisão preventiva
A Polícia Federal (PF) concluiu na quarta-feira (20/8) inquérito para apurar a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. A investigação terminou com pedidos de indiciamento do deputado e do pai dele, Jair Bolsonaro. Em documento entregue ao STF, a PF indica que o ex-presidente descumpriu as medidas cautelares impostas a ele pela Corte em 18 de julho.
O ministro do STF Alexandre de Moraes, que é relator da ação, exigiu que os advogados de Bolsonaro deem explicações até 20h34 desta sexta-feira. A constatação de um novo descumprimento das cautelares pode levar o ministro a converter o regime de prisão domiciliar, no qual Bolsonaro se encontra, em preventiva.