No dia 8 de março foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. Aproveito a data para recordar duas de minhas grandes referências femininas na política: Maria Leopoldina e Margaret Thatcher. Duas mulheres inspiradoras que fizeram a verdadeira diferença, cada qual no seu tempo.

A imperatriz Maria Leopoldina presidiu o Conselho de Estado, assinando a Declaração de Independência do Brasil em 1822. Pouco lembrada, ela é considerada por muitos historiadores a principal articuladora do processo de Independência do Brasil.

Thatcher, por sua vez, foi primeira-ministra britânica e a primeira mulher a ocupar esse cargo. Seu governo durou 11 anos, finalizado em 1990, e se caracterizou pelo liberalismo no Reino Unido. Chamada “Dama de Ferro”, fez a brilhante colocação de que “não existe dinheiro público, existe apenas dinheiro do pagador de impostos”, dinheiro que sai do orçamento doméstico, da mesa das famílias.

A comemoração desse dia é também uma oportunidade para reflexão: por que há tão poucas mulheres interessadas em participar da vida política? Para alguns especialistas, por exemplo, o nível de participação de mulheres na esfera legislativa é um indicador confiável relacionado ao amadurecimento das democracias.

Minha trajetória política é recente, iniciou-se em 2016. Minha campanha de 2018 para deputada estadual foi uma das mais baratas do país, com gasto total menor que R$ 24 mil. Meu slogan era “fazer mais com menos” e deu certo: fui a mais bem votada dentre os deputados eleitos pelo Partido Novo em Minas Gerais.

Mas de onde veio a motivação? Há alguns anos, eu e meu marido decidimos imigrar para o Canadá. Os elevados índices de criminalidade do Brasil foram um dos motivos para nossa decisão de viver no exterior. Quando finalmente retornamos ao nosso país, resolvi me dedicar inteiramente a tornar o Brasil um país melhor, com índices de desenvolvimento similares aos dos países que admiramos. Percebi que as mudanças estruturais necessárias acontecerão somente por meio da política. Trabalho por um Brasil melhor para nossos filhos.

A mulher enfrenta, de fato, o desafio dos múltiplos papéis que desempenha e que acabam dificultando sua participação na política. Independentemente de visão ideológica, todas nós vivenciamos essa realidade. Sou mãe de dois filhos pequenos, sou esposa, tenho diversos afazeres da vida profissional e pessoal, mas é importante que as mulheres também possam ter tempo para participar das decisões políticas que afetam nossas vidas.

Penso que, para cumprir esse objetivo de aumentar a representatividade de mulheres nos Parlamentos, a política de cotas para chapas eleitorais não funciona. As evidências mostram que as regras são burladas, e há vários casos de candidatas-fantasma, mulheres que compõem as chapas, mas que não tiveram nem o próprio voto.

Não vejo uma causalidade efetiva entre a existência das cotas e a evolução de representação das mulheres ao longo dos anos.

Pelo contrário, a criação de cotas femininas fragiliza e subestima as mulheres, que são tão competentes quanto os homens para disputar e exercer cargos eletivos.

O número de mulheres na política deve aumentar porque as próprias mulheres desejam se candidatar. Temos mulheres fantásticas, com trajetórias excepcionais, que ocupariam cargos públicos com muita competência, contribuindo com melhorias expressivas para toda a sociedade.