O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (sem partido) afirmou, com exclusividade a O TEMPO, que ele representa uma “terceira via” para disputar as eleições para o governo de Minas Gerais em 2026. Disse também que se o senador Rodrigo Pacheco (PSD), que tem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se candidatar, deverá ser uma opção vinculada à esquerda. Ao programa Café com Política, Kalil afirmou que estará na disputa no ano que vem, caso as pesquisas eleitorais indiquem uma boa colocação. A entrevista foi veiculada nesta quinta-feira (10 de julho), no canal de O TEMPO no YouTube.
“A minha proposta de ser candidato ao governo de Minas é se eu puder colocar para o povo mineiro a dificuldade que nós estamos hoje, porque não é só entregar ativo para o governo federal, é fazer um enxugamento de uma máquina que está emperrada há quase 12 anos sem sair do lugar. Então, se essa proposta convencer o eleitor, se os números me colocarem como candidato, eu sou candidato”, afirmou.
Sem tomar lados em espectros políticos (direita ou esquerda), Kalil chegou a afirmar que a “terceira via” para o Executivo em 2026 seria ele mesmo. A fala ocorreu após ser perguntado sobre estar na disputa com o antigo correligionário Rodrigo Pacheco. Apesar de considerar o parlamentar como “um bom quadro” e “homem íntegro”, o ex-prefeito de Belo Horizonte o avaliou como “um bom candidato de esquerda”. “A terceira via sou eu”, disse a O TEMPO.
Ao longo de sua trajetória política, Kalil já esteve alinhado a figuras de esquerda, como o presidente Lula, e de direita, no caso do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), sendo que o ex-prefeito chegou a cogitar se filiar ao Republicanos no ano passado. Questionado sobre qual caminho ideológico deve seguir em 2026, Kalil disse ser a favor de tópicos da direita e da esquerda, mas que pretende se manter afastado da polarização política.
“Na escola, eu não quero saber do banheiro, eu quero saber do quadro. Eu quero saber da pedagogia. A esquerda e a direita estão preocupadas com banheiro”, exemplifica. “Eu sou a favor da privatização, mas não sou a favor de privatização de empresa que dá lucro, para dar para empresário ter lucro em vez do Estado. Então, qual é o espectro político que eu sou? Eu sou do espectro político do Estado enxuto, do não empreguismo”, ressaltou.
Partido político
Se decidir se candidatar, um dos primeiros desafios será encontrar uma legenda. Kalil foi eleito prefeito de Belo Horizonte em 2016 pelo antigo PHS. Em 2019, filiou-se ao PSD, legenda pela qual concorreu ao governo estadual em 2022. A parceria com o PSD se encerrou no ano passado, quando Kalil cogitava se filiar ao Republicanos para apoiar Mauro Tramonte no pleito para a prefeitura da capital mineira. A entrada de Kalil no Republicanos, entretanto, não saiu do papel mesmo após as eleições, quando Tramonte saiu derrotado com apenas 15,2% dos votos válidos no primeiro turno.
Ao Café com Política, o ex-prefeito disse que, no momento, não está preocupado com filiação partidária, mas afirmou ter sido procurado pelo presidente nacional de uma sigla para ser candidato “ao que quiser”. Entretanto, não entrou em detalhes sobre qual seria a legenda. Em relação ao Republicanos, disse que não havia firmado um “compromisso” de se filiar ao partido, complementando que teve pouca participação na campanha de Tramonte - apenas “7 segundos na televisão” e agendas de rua.
“O Mauro é um cara bacana, foi lá conversar comigo. Veio o presidente nacional do partido, foi à minha casa, reuniu comigo mais de uma vez e foi um negócio natural. O Republicanos está aí, eu posso precisar dele ou não”, disse.
Sem arrependimentos
Apesar do resultado de Tramonte nas eleições em 2024, Kalil não se sente arrependido de ter apoiado o deputado estadual. O ex-prefeito negou que a derrota estaria em sua “conta”, reiterando que teve pouca participação na campanha. “Eu não me arrependo de nada do que fiz. Eu não faço nada errado. Eu poderia não ter entrado (na campanha), é verdade, mas me convenceram.” E completou, dizendo: “Eu sou um cara de boa fé, eu sou um cara que eu acredito em tudo até que me prove o contrário. Então, eu vou continuar a ter boa fé e vou continuar acreditando nos outros.”
Nas eleições majoritárias de 2022, para governo estadual e presidência da República, Kalil se alinhou ao presidente Lula e foi derrotado pelo atual governador, Romeu Zema (Novo), ainda no primeiro turno, com o atual chefe do Executivo registrando 56,18% dos votos. Na entrevista a O TEMPO, também disse não se arrepender dessa aliança com Lula, porém, afirmou que não repetiria.
Ao ser questionado sobre quem seria o seu principal concorrente em 2026, considerando o cenário atual, Kalil citou o senador Cleitinho, do Republicanos, que estaria bem colocado em algumas pesquisas que já começam a testar cenários eleitorais. O ex-prefeito ainda negou que tenha desejo de concorrer ao Senado. Por outro lado, disse que até poderia voltar a chefiar o Executivo de Belo Horizonte, a partir de 2028, entretanto, afirmou: “Não vai dar, porque eu vou estar ocupado”, em uma possível referência a ter ganhado as eleições para governador do Estado.