Tática

Manifestações contra Dilma perdem força e apelam a show 

Depois de reunir 2 milhões de pessoas em todo o país, “Fora, Dilma tem queda de participantes

Por Larissa Veloso
Publicado em 15 de novembro de 2015 | 04:00
 
 
 
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Ao que tudo indica, as manifestações deste domingo pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) não devem atingir a mesma marca dos protestos de março e agosto, quando mais de 200 cidades realizaram atos simultâneos e reuniram quase 2 milhões de pessoas.

Mesmo com o governo passando dificuldades com a rejeição das contas de 2014 no Tribunal de Contas da União (TCU), a análise da prestação de contas da campanha de Dilma e Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os 16 pedidos de impeachment feitos desde agosto, a presença da população nas manifestações anti-Dilma vem diminuindo durante o ano.
Já os protestos a favor da presidente, antes tímidas e com pequeno público, aumentaram em número a partir do momento em que foi incluída na pauta dos manifestantes o “Fora, Cunha” – a saída do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do cargo.

Vale ressaltar que em muitos dos protestos defendendo Dilma há críticas contra medidas do ajuste fiscal proposto pela petista. No caso do peemedebista, o “Fora, Cunha” ganhou corpo por causa das contas secretas na Suíça descobertas pela operação Lava Jato e pela proposição de projetos de lei conservadores, como o que dificulta o acesso ao aborto legal.

Combustível do “Fora, Dilma”, os pedidos de impeachment da presidente são analisados por Cunha. Ele já arquivou nove pedidos, e outros dez aguardam seu parecer pela abertura ou não de um processo de cassação.

Em sua página no Facebook, o Movimento Brasil Livre (MBL) chegou a dar um ultimato a Cunha, no último dia 8, para que ele decidisse sobre o principal pedido de impeachment, feito por um dos fundadores do PT Hélio Bicudo, até o fim da semana passada. Não colou.

“Ele está segurando o máximo possível, para não perder o apoio tanto do governo quanto da oposição”, reconhece o coordenador nacional do MBL, Kim Kataguiri. Cunha mantém o pedido em análise, enquanto aproveita o poder de barganha gerado por sua posição para tentar salvar a si próprio da cassação por seu envolvimento nas denúncias da operação Lava Jato. 

São esperadas 30 mil pessoas neste domingo em Brasília para defender o impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Esperamos ter uma concentração menor de pessoas, mas com uma cobrança mais acintosa, uma pressão mais forte. Estamos concentrados em Brasília”, afirmou a principal voz do grupo Revoltados Online, Marcello Reis.

Segundo ele, um show com o músico Lobão, conhecido por sua posição de direita, está confirmado no acampamento montado pelos manifestantes em frente ao Congresso Nacional. “O Lobão está confirmado. Estamos só esperando ele receber alta do médico (o cantor se recupera de uma pneumonia) para ele vir”, disse Reis. A produção do artista disse que ele recebeu o convite para o show, mas, até a última sexta-feira, sua presença ainda não estava confirmada.

Já o MBL, outro grupo acampado no gramado do Congresso, pretende fazer uma vigília pelo impeachment em frente ao Congresso Nacional. Na página do evento, há 152 mil presenças confirmadas. “A gente acredita que precisa de um novo fato político para que haja uma manifestação nacional”, afirma Kim Kataguiri, referindo-se aos protestos de março, abril e agosto. O foco agora, segundo Kataguiri, é pressionar o Congresso para que aprove o impeachment.

Segundo Reis, há cerca de 300 pessoas acampadas. Kataguiri é mais modesto. Estima 80 manifestantes, com os recém-chegados do Rio Grande do Sul.

Belo Horizonte

Caminhada
. Na capital mineira, Movimento Brasil de Luto convocou uma manifestação para a praça JK, no bairro Sion, na região Centro-Sul da capital. Os manifestantes farão uma caminhada.

Luto. Os organizadores pedem que as pessoas compareçam com roupas pretas.

Motivação. Os motivos do protesto são os rumos da política econômica do governo de Dilma Rousseff.

“Natal sem Dilma” é mais difícil

A 37 dias do recesso parlamentar, os manifestantes pró-impeachment veem ficar cada vez mais distante o sonho de um “Natal sem Dilma”, um dos motes recentes da campanha pela saída da presidente Dilma Rousseff. Dos 16 pedidos feitos desde agosto, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) arquivou 13, a maioria por problemas técnicos.

O parlamentar deu a entender que atos praticados em governos anteriores, como as pedaladas nas contas de 2014, não seriam justificativa para retirar a presidente no governo atual. Portanto, no pedido considerado mais promissor, o impetrado por um dos fundadores do PT, Hélio Bicudo, foram incluídos indícios de pedaladas em 2015.

Apesar disso, Eduardo Cunha teria dito, no início do mês, que não há clima para avançar na questão do impeachment. “Estamos fazendo pressão. Vamos continuar com a estrutura, mesmo que passe Natal e Ano-Novo”, disse Marcello Reis, que garante que o acampamento continuará até 2016 caso seja necessário.

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