De casa nova

Metade dos vereadores de BH muda de legenda após janela partidária

Levantamento mostra que 20 dos 41 parlamentares da Casa trocaram de partido para tentar reeleição. MDB e Republicanos têm as maiores bancadas

Por Gabriel Ronan
Publicado em 05 de abril de 2024 | 17:38
 
 
 
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Metade dos vereadores de Belo Horizonte está de casa nova para disputar a eleição municipal de outubro. Levantamento feito pela reportagem diretamente com os parlamentares e com interlocutores do Legislativo mostra que 20 dos 41 políticos da Câmara Municipal trocaram de legenda. A maior bancada fica por conta do MDB e do Republicanos, cada uma com cinco vereadores. 

A maioria dos parlamentares já havia definido pela mudança partidária dias antes da data final. Mas o último dia ainda reservou movimentações nos bastidores. O vereador Reinaldo Gomes Preto Sacolão era carta fora do baralho do MDB, sobretudo após Gabriel Azevedo, presidente da Câmara, assumir a presidência do diretório municipal da legenda. Emedebista por 10 anos, Reinaldo negociou a ida para o PSB e para o PSD, mas terminou mesmo no Democracia Cristã (DC). 

Outra definição para a última hora partiu do vereador Preto, que assumiu um mandato na Câmara recentemente, após as cassações de César Gordin e Wesley Moreira por fraude à cota de gênero. Preto flertou com a saída do União Brasil, onde está desde que a legenda ainda se chamava PFL, nos anos 1990, mas decidiu pela permanência. Nos bastidores, o temor dele era com a chapa da sigla, que poderia dificultar a sua reeleição. 

Também houve expectativa nos corredores da Câmara sobre o destino dos vereadores da chamada Família Aro, grupo ligado ao secretário de Estado de Casa Civil, Marcelo Aro. Dois parlamentares ligados ao braço direito do governador Romeu Zema (Novo) já tinham destino definido: Flávia Borja, que deixou o PP para se filiar ao DC; e Cláudio do Mundo Novo, que resolveu seu futuro logo no início da janela, deixando o PSD e migrando para o PL. A indefinição pairava, no entanto, sobre José Ferreira, Marcos Crispim, Professor Juliano Lopes, Rubão, Wilsinho da Tabu e Professora Marli. 

Pelo que apurou a reportagem com fontes da Câmara Municipal de BH, apenas Professora Marli não trocou de partido desses seis, ficando no PP. Rubão, Wilsinho da Tabu e José Ferreira, por outro lado, deixaram o Progressistas para tentar a reeleição pelo Podemos, mesmo destino de Juliano Lopes, antes no Agir. Já Marcos Crispim fez o caminho contrário: deixou o Podemos para se filiar ao DC. 

Com a janela fechada, o balanço mostra que quatro vereadores foram para o MDB. São eles: Cleiton Xavier, que estava no PMN; Henrique Braga, que deixou o PSDB; Loíde Gonçalves, ex-Podemos; e Sérgio Fernando Pinho Tavares, que se desfiliou do PL. Antes, a legenda só tinha um vereador. O crescimento de quatro cadeiras na bancada emedebista é o maior da Casa, ao lado do Republicanos, que também saiu de um para cinco parlamentares. A agremiação é a nova casa de Ciro Pereira, ex-PRD; Irlan Melo, que era correligionário de Ciro; e Ramon Bibiano da Casa de Apoio e Fernando Luiz, que deixaram o PSD do prefeito Fuad Noman. Jorge Santos já integrava o quadro.  

Na prática, MDB e Republicanos se tornaram abrigo para os vereadores ligados ao grupo de Gabriel Azevedo. Outro vereador ligado ao presidente da Casa, Gilson Guimarães deixou a Rede para se filiar ao PSB. Uma outra mudança, também decidida no início da janela, aconteceu com o vice-líder do prefeito Fuad Noman, vereador Wagner Ferreira. Ele deixou o PDT para tentar a reeleição pelo PV.

As bancadas do Novo, do União Brasil, do Avante, do PSOL e do PT não sofreram mudanças ao fim da janela partidária. Antes com representantes, Agir, Cidadania, PMN e PSDB não têm mais cadeiras na Câmara de BH. Em relação à eleição anterior, as trocas de partido diminuíram. Em 2020, 23 parlamentares aproveitaram a janela para escolher outra agremiação.

Especialista opina

O cientista político Paulo Ramirez, professor da ESPM, entende que o número de trocas na Câmara de BH não foge da tendência vista em outros legislativos das capitais brasileiras. "Essas trocas fazem parte do jogo político. Há uma tendência de que os partidos de centro conquistem mais políticos, principalmente no processo de eleições municipais. Essas legendas de centro são 'bivolts': o candidato consegue se articular à esquerda e à direita. A redução no número de partidos é irrelevante nesse processo. Quanto mais ao centro, maior o nível de negociação com quem vencer o Executivo", diz.

Sem mandato

A janela partidária também serviu para que ex-vereadores se movimentassem. Pelo que apurou a reportagem, tanto Wesley Moreira quanto César Gordin estão de mudança. Os dois deixaram a Câmara no mês passado, quando foram cassados por decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Wesley deixou o PP para migrar para o PMN, enquanto César Gordin se despediu do Solidariedade para dar boas-vindas ao PSB. 

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