Durante entrevista, nesta terça-feira (7), em que anunciou que testou positivo para o novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também comentou sobre a falta de titulares nos comandos dos ministérios da Saúde (MS) e da Educação (MEC). Em meio à pandemia da Covid-19, no próximo dia 16 completam-se três meses que Eduardo Pazuello chefia interinamente a Saúde. 

Bolsonaro, no entanto, não deu nenhuma previsão sobre quando deve anunciar um novo nome para a área. Ainda de acordo com ele, o general recebe muitas críticas por não ser médico, mas o hoje senador José Serra (PSDB-SP), mesmo sendo economista, foi um bom ministro na área, entre 1998 e 2002. 

“Ele (Pazuello) está fazendo um bom trabalho, está funcionando. Ele é ruim de imprensa, mas excelente como gestor da saúde, como precisávamos há um bom tempo lá. Mas é um nome que não vai ficar para sempre. Está completando três meses como interino e já deu excelente contribuição para nós”, disse.

Em meio à crise sanitária, Bolsonaro decidiu, em abril, demitir Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde porque o então ministro defendia que a Covid-19 fosse combatida com base nas orientações técnicas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nelson Teich assumiu a cadeira, mas não durou nem um mês, pedindo demissão em 15 de maio. Ele não concordou com a decisão do presidente de usar cloroquina para enfrentar a doença. 

Educação

O presidente afirmou que gostaria de anunciar, ainda nesta terça-feira (7), o nome do novo ministro da Educação, mas que, por ser uma pasta muito complexa, que tem 300 mil servidores e ainda é aparelhada, mesmo quem quer colaborar com o futuro do país nessa área, quando vê o “tamanho do problema”, acaba declinando do convite. 

“Ninguém quer chegar pra trabalhar lá dando murro em ponta de faca. Mas uma grande realidade que devemos ter na educação é que não está dando certo hoje. Já recebi candidatos com excelentes currículos, mas quando veem os problemas alguns declinam e outros falam que vão pensar”, explicou. 

Ele disse que não vai revelar o nome do favorito, que é de São Paulo, para a imprensa não “cair em cima dele”, mas admitiu que uma opção B para o cargo seria o líder de governo no Congresso Nacional, Major Vitor Hugo (PSL-GO). A pasta já está há 19 dias sem ministro, mas a turbulência na área é antiga.

Relembre as mudanças no MEC

Durante os quatro primeiros meses da administração de Bolsonaro, Ricardo Vélez foi demitido da chefia do MEC por desentendimentos entre militares e apoiadores do escritor Olavo de Carvalho. Por conta disso, Abraham Weintraub assumiu o lugar dele, com apoio dos olavistas, mas a gestão foi marcada por polêmicas, o que o fez anunciar o desligamento no último dia 18. 

Além de não contar com a simpatia de parlamentares e membros do próprio governo federal, a saída de Weintraub foi dada como certa depois da divulgação de um vídeo de uma reunião ministerial, em 22 de abril, em que ele chamava os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de “vagabundos” e diz que eles deveriam ser presos. 

No dia 25 de junho, ele foi substituído por Carlos Decotelli. Porém, cinco dias depois o novo ministro pediu demissão porque havia mentido sobre diversos pontos de sua formação acadêmica. Na última semana, era dado como certo que o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, iria ser o novo ministro. Mas, no domingo (5), ele rejeitou o convite. O nome dele teve repercussão negativa nos grupos ideológicos e evangélicos do governo.