Em menos de 15 dias, Celso Sabino (PSDB-PA) passou de quase líder da maioria na Câmara dos Deputados para persona non grata no partido, tendo que responder um pedido de expulsão. Em reunião, a Executiva Nacional da sigla decidiu, nesta quinta-feira (20), dar continuidade a representação contra o tucano no Conselho de Ética.
O motivo é ele ter aceitado o convite para o cargo de líder “sem qualquer discussão prévia com lideranças nacionais e da bancada”. Sabino foi indicado por 11 partidos para ocupar o cargo. Mas, o movimento não foi pra frente por esbarrar em questões regimentais da Casa.
A tentativa foi feita pelo grupo de apoio ao líder do PP, Arthur Lira (AL), que está em pé de guerra com o presidente do Legislativo, Rodrigo Maia (DEM-RJ), após o racha no Centrão. Hoje, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), aliado de Maia, é o líder da maioria.
E é justamente neste ponto que o parlamentar eleito pelo Pará apresenta sua principal justificativa: ele não assumiu o posto, logo seria, no entendimento dele, uma punição antecipada e por algo que não está descrito no estatuto:
“Recebi esse convite há três meses. Isso ficou adormecido e, pra minha surpresa, houve uma coleta de apoiamento. Então o partido vai me punir porque há uma futura intenção? Uma coisa que nem aconteceu e estão querendo me punir. É absurdo, né”.
O ex-presidente nacional do partido José Aníbal é quem será relator da representação, apresentada pelo presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo. Ele argumenta que houve violação ao estatuto e à ética partidária. Isso também é questionado por Sabino.
“Eu estudei bastante o código de ética do partido e lá tem as infrações que cabem essa pena. E lá tem as infrações que cabem essa pena, e nenhuma fala sobre permitir ser líder ou qualquer coisa. Tudo que é previsto para expulsão é se condenado em segunda instância, se cometer improbidade administrativa, se desviar dinheiro do partido. Eu nunca fiz nada disso e estou tranquilo. Se acontecer isso, vai ser uma coisa completamente arbitrária”, declarou.
Ele ainda queixou-se do tratamento dado a outros tucanos que fazem parte do grupo de apoio ao governo Jair Bolsonaro (sem partido) e lembrou que seria líder da maioria, e não de governo. Entre os nomes citados por ele estão: Roberto Rocha (MA), líder da maioria no Congresso, e Izalci Lucas (DF), vice-líder do governo no Senado.
“O PSDB não tem posicionamento se é governo, se é oposição, centro, maioria ou minoria. Eu acho que deveria definir isso aí antes de analisar meu caso”, disse Sabino. Ele completou ainda que têm pessoas no PSDB que possuem indicação no Executivo, diferentemente dele: “Nem preciso fazer”.