O fim da exigência de vacinação para matricular crianças e adolescentes em Minas Gerais deu o tom das críticas ao governador Romeu Zema (Novo) durante a agenda pública do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta-feira (8/2) em Belo Horizonte. Apesar de Lula ter poupado quaisquer comentários, os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, da Educação, Camilo Santana, e da Saúde, Nísia Trindade, subiram o tom, até então institucional, ao criticar veladamente a medida anunciada por Zema. 

Logo depois de abrir o pronunciamento, Silveira, que vez ou outra critica publicamente o governador, parabenizou Nísia “pela defesa e pelo trabalho árduo” para vacinar os brasileiros. “Em especial, as nossas crianças, porque democratizar a ciência é sinônimo de preservar a vida. Isso, ministra, que evita números alarmantes como estes que estamos vivendo em Minas, uma verdadeira epidemia da dengue. ‘Bora’, gente, vacinar todo mundo. Vacina salva vidas”, afirmou o ministro.

Assim como Silveira, ao iniciar o seu discurso, Camilo fez um apelo diretamente aos prefeitos e a Zema. “Vamos vacinar todos os nossos alunos das escolas desse país. Esse é o dever do estado e a vacina é para salvar vidas. Esta é a orientação do Ministério da Educação e do governo do presidente Lula”, disse o ministro da Educação, aplaudido pelos presentes.

Já Nísia, durante o seu pronunciamento, fez longas pausas quando a militância, em crítica ao governador, gritavam “vacina, sim”. “Viva o Zé Gotinha!”, afirmou a ministra da Saúde no meio do discurso. Zema se ausentou da apresentação por alguns minutos enquanto a ministra da Saúde discursava, mas voltou antes do discurso de Nísia sobre a vacina. Aliás, diferentemente de Silveira, o governador cumprimentou Nísia após a fala dela.  

No último domingo (4/2), ao lado do senador Cleitinho (Republicanos) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), Zema anunciou que a vacinação deixaria de ser obrigatória para a matrícula de crianças e adolescentes na rede estadual de ensino. “Aqui em Minas, todo aluno, independentemente de ter ou não se vacinado, terá acesso às escolas”, ressaltou o governador, em vídeo publicado nas próprias redes sociais.

Mesmo após a repercussão negativa, Zema voltou a defender a medida em entrevista à CNN Brasil. "Toda criança tem o direito de frequentar a escola, isso é inquestionável. A criança vai ter uma merenda boa, vai ter boas escolas, e vai, principalmente, aprender ciência, para que no futuro ela tenha condições, diferente do que já aconteceu no passado, queremos que ela venha decidir se quer ou não ser vacinada”, reiterou.