Mensalão mineiro

PF pediu a transferência de Valério para concluir delação

Empresário trocou a Nelson Hungria pela Apac de Sete Lagoas na noite de segunda-feira

Por Ana Luiza Faria e José Vítor Camilo
Publicado em 19 de julho de 2017 | 03:00
 
 
 
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Partiu da Polícia Federal o pedido para que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado a 37 anos e cinco meses de prisão pelo envolvimento no escândalo do mensalão, fosse transferido da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, para a Apac de Sete Lagoas, na região Central do Estado. O objetivo está expresso na decisão do juiz Wagner Cavalieri, titular da Vara de Execuções Criminais da Comarca de Contagem. No documento, ao qual O TEMPO teve acesso, ele aponta que o pedido da PF se deu “a fim de concluir o procedimento de colaboração premiada sob análise do Supremo Tribunal Federal”.

No expediente, o juiz Cavalieri afirma que Marcos Valério é “possuidor de inúmeras informações de interesse da Justiça e da sociedade brasileira sobre fatos ilícitos diversos que envolvem a República”. Por esse motivo, foram ignoradas as formalidades e a fila para a transferência de presos para o sistema Apac.

Os advogados de Marcos Valério, entre eles Jean Kobayashi Junior, tentavam já havia algum tempo negociar a transferência para a unidade prisional e incluíram essa exigência em uma tentativa de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Contudo, após a tomada de um depoimento inicial, as tratativas não avançaram, e, por isso, a defesa de Valério passou a discutir com a Polícia Federal a possibilidade de uma delação premiada. No acordo, o empresário quer dar detalhes do escândalo criminoso que ficou conhecido como mensalão tucano mineiro, quando recursos de estatais teriam sido supostamente desviados para a campanha à reeleição do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB). O tucano já foi condenado em primeira instância e recorre em liberdade, mas diversos réus, entre eles Marcos Valério, ainda aguardam a primeira decisão da Justiça.

Procurado para falar sobre a transferência e as negociações para uma delação, Kobayashi explica que a corporação mostrou-se interessada, mas exigiu provas. “Estamos juntando as provas, os documentos, para fazer um dossiê e entregar para a PF e, após a análise deles, sentarmos novamente para arguirmos se vai ser aceita ou não pela corporação”, disse.

A mudança para a Apac é vantajosa para o empresário não só por ser um local que proporciona uma forma alternativa de cumprimento da pena, mas também pela facilidade de acesso de familiares e advogados. Bem diferente da penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, onde Valério cumpria pena até semana passada.

“A transferência foi apreciada agora pelo magistrado, que deferiu o pedido pelo fato dele preencher todos os requisitos legais para ser concedido. Um deles é que sua atual esposa mora e estuda em Sete Lagoas. Nada mais que direito; como todos os corréus do mensalão do PT tiveram esse benefício, ele teve agora, após quatro anos na penitenciária de segurança máxima”, explica.

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