Ditadura Militar

Ponto de partida do golpe de 64, Juiz de Fora terá marcha reversa pró-democracia

Com apoio da prefeitura, manifestantes farão caminho inverso ao percorrido pelos militares mineiros que deram início ao processo de derrubada do presidente João Goulart

Por Clarisse Souza
Publicado em 30 de março de 2024 | 08:00
 
 
 
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Ativistas políticos e entidades que atuam em defesa da democracia prometem percorrer cerca de 180 quilômetros entre a cidade do Rio de Janeiro (RJ) e o município de Juiz de Fora, na Zona da Mata, na próxima segunda-feira, 1° de abril, em ato para rememorar os 60 anos do golpe militar no Brasil. Em uma espécie de marcha reversa, os manifestantes farão o caminho oposto ao percorrido pela tropa do general Olympio Mourão Filho, que, em 1964, partiu de Juiz de Fora rumo à capital fluminense para dar início à derrubada do presidente da República João Goulart. 

“Será um momento festivo para comemorar a democracia e  a vida das pessoas que se dedicaram à luta pela democracia durante a ditadura”, adianta o secretário especial de Direitos Humanos de Juiz de Fora, Gabriel dos Santos Rocha. Segundo ele, a expectativa é que o ato reúna cerca de 1.000 pessoas.

Com apoio da prefeitura de Juiz de Fora, a Marcha da Democracia, como é chamada pelos organizadores, vai partir da Cinelândia, no Rio, às 7h30, e seguirá rumo a Minas, com paradas simbólicas em Petrópolis (RJ) e Levy Gasparian – foi nesse último município, localizado na divisa entre os Estados, que os militares sob comando de Mourão Filho fizeram uma parada na noite de 31 de março para aguardar um possível confronto com tropas do Rio de Janeiro, fato que não chegou a ocorrer. 

O destino final da marcha reversa será a Praça Antônio Carlos, no centro de Juiz de Fora, às 16h. No local, estão previstas homenagens a familiares de vítimas da ditadura militar e há expectativa da presença de Maria Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart. 

Juiz de Fora foi ponto de partida do golpe militar

O trajeto a ser percorrido pelos ativistas na próxima segunda-feira faz referência ao caminho cruzado pelos militares que deram início ao golpe militar, há 60 anos. Foi de Juiz de Fora que partiu o primeiro grupo de militares a marchar rumo ao Rio de Janeiro com objetivo de derrubar o presidente João Goulart. Comandada pelo general Olympio Mourão Filho, a iniciativa atropelou os planos de outros conspiradores – que pretendiam tirar Jango do poder só nas semanas seguintes – e teve apoio operacional do então governador de Minas, Magalhães Pinto. 

Com a chegada da tropa de Mourão Filho ao Rio, já no dia 1° de abril, militares de outros Estados aderiram ao plano e forçaram a saída de João Goulart, que decolou rumo a Brasília, mas, sem apoio, exilou-se no Uruguai.

 

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