ELEIÇÕES 2022

Por federação, PT e PSB aguardam acordo nos estados e ação no TSE

Composição para as eleições depende de desatar nós em São Paulo e Pernambuco, além de mudança no prazo da Justiça Eleitoral

Por Levy Guimarães
Publicado em 20 de janeiro de 2022 | 13:57
 
 
 
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Dirigentes do PT e do PSB se reuniram nesta quinta-feira (20), em Brasília, para discutir a possibilidade de ambos os partidos formarem uma federação partidária para as eleições de 2022. Também podem ingressar na composição o PCdoB e o PV.

Na federação partidária, dois ou mais partidos se unem para disputar uma eleição, como nas coligações. Porém, essas legendas devem permanecer como um grupo só durante os quatro anos da legislatura seguinte no Congresso - neste caso, de 2023 a 2026 - sem a opção formal de rompimento.

“Ficou claro que a gente tem a disposição de construir a federação e vamos fazer esse esforço. É um instituto novo, tem suas dificuldades, temos resistências em ambos os partidos. Mas o esforço vamos fazer, porque isso é importante não só para a eleição, mas para o Brasil”, disse a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).

No plano nacional, a federação se uniria em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto. O PSB é o principal partido que pleiteia a vaga de vice na chapa. 

Os quatro partidos que podem formar a aliança pretendem fazer novas reuniões para avançar com o acordo. A próxima está prevista para quarta-feira (26), também na sede do PSB, em Brasília, quando discutirão as bases programáticas da federação.

Ação no TSE

Uma das definições da reunião desta quinta (20) é que PT e PSB entrarão com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo mais prazo para os partidos concretizarem as federações partidárias.

O TSE decidiu que o limite é o dia 1º de março. Porém, as legendas argumentam que o prazo dificulta firmar acordos, já que a janela partidária, quando parlamentares podem trocar de partido livremente, vai do dia 3 de março até 1º de abril.

Para a deputada Gleisi Hoffmann, a regra contraria a “cultura política” brasileira. “O tempo da política não pode ser dado pelo tempo do processo burocrático do TSE”, afirmou a petista. A ação deve ser protocolada na Justiça eleitoral até a próxima segunda-feira (24).

Definições nos estados

Para concluir as negociações, PT e PSB esperam chegar a um acordo em torno de apoios nas eleições estaduais. Um dos estados indefinidos é Pernambuco, estado governado pelos pessebistas desde 2007 e considerado carro-chefe pela legenda. Porém, o PSB ainda não definiu quem será o candidato, enquanto o PT colocou à disposição o nome do senador Humberto Costa. No entanto, os petistas admitem que a prioridade de escolha é dos socialistas.

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirma que o partido firmou apoio ao PT na Bahia, Sergipe, Piauí e Rio Grande do Norte. Já os petistas já encaminharam apoio a candidatos do PSB no Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Impasse em São Paulo

O principal ponto de divergência entre os dois partidos é a disputa pelo governo de São Paulo, onde ambos lançaram pré-candidatos. O ex-governador Márcio França, pelo PSB, e o ex-ministro Fernando Haddad, pelo PT, concorrem à vaga. Até aqui, nenhum deles se mostrou disposto a abrir mão da candidatura.

França, que participou da reunião desta quinta (20), reafirmou que é um postulante ao governo paulista. Porém, ele não descarta completamente desistir do pleito e se candidatar ao Senado. O ex-governador paulista ainda pontuou que os impasses nos estados são mais fáceis de diluir do que parece. “Onde tiver divergência, faz pesquisa [eleitoral] e testa”, disse.

Porém, Carlos Siqueira não expressou o mesmo entendimento. “Antes do entendimento eleitoral, vem o entendimento político. Na Bahia, Jaques Wagner [PT] não está na frente nas pesquisas e vamos apoiá-lo. Vamos apoiar Lula por razão política e esperamos que o PT nos apoie em alguns estaods por essa mesma razão”.

Filiação de Geraldo Alckmin

O PSB ainda aguarda uma resposta do ex-governador Geraldo Alckmin, que foi convidado no dia 13 de dezembro para se filiar à legenda. Hoje, Alckmin é o principal cotado para ser candidato a vice-presidente da República na chapa de Lula.

“Tudo indica que [Alckmin] ingressará. Fizemos o convite e aguardamos que ele tome a decisão. Quando se convida uma pessoa, não se pode ficar pressionando para que ela decida”, disse Siqueira.

Geraldo Alckmin também recebeu convites de outros partidos, como o PSD, de Gilberto Kassab, e o Solidariedade, do deputado Paulinho da Força (SP). O ex-tucano, que foi do PSDB por 33 anos, pretende esperar por mais algumas semanas para decidir seu futuro político.

Na última quarta (19), em entrevista, Lula disse que “não terá problema” em compor uma chapa presidencial com Alckmin.

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