Ana Paula Siqueira
Deputada estadual pela Rede
Em entrevista ao Café com Política, da rádio Super 91,7 FM, a deputada fala sobre a importância de se reforçarem as políticas antidrogas no Estado e dos planos da Rede Sustentabilidade para as próximas eleições.
A senhora é vice-presidente da Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e Outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Já é possível, apesar de todo o contingenciamento de verbas, da dificuldade financeira pela qual passa o Estado, vislumbrar algum avanço no combate às drogas? E o que é possível fazer nesse cenário de absoluta falta de recursos financeiros?
Realmente as dificuldades do governo são enormes, foram até muito bem apresentadas no Assembleia Fiscaliza, nesse programa em que fizemos uma escuta com cada um dos secretários. Mas nos preocupamos, principalmente, em evitar o aumento desse número (de dependentes químicos). Então, temos que investir esforços no trabalho da prevenção do uso, do acesso das nossas crianças, adolescentes e jovens às drogas. Certamente é uma política muito mais barata. Prevenir o uso das drogas é mais barato do que remediar. Inclusive, tem um dado muito interessante passado pelo nosso secretário de Segurança, o doutor Mário (Lúcio Alves de Araújo), de que, numa política de prevenção, se investem R$ 90 (por pessoa). Na política de internação, no sistema socioeducativo, por exemplo, num sistema fechado, um interno custa ao Estado R$ 12 mil, e, no semiaberto, R$ 10 mil. Então, a ponta final é muito mais cara do que as políticas de prevenção, e nós, da comissão, estamos investindo e esperando que o Estado possa fortalecer todas as ações de prevenção que certamente poderão, num médio prazo, trazer melhores resultados.
O que fazer, então, quando a política de prevenção não é mais possível? Como o Estado deve agir para arcar com esses custos elevados?
Hoje o Estado investe pouco. Mas nós temos políticas não só da área da segurança mesmo, envolvendo as polícias, mas também a parte de tratamento, que é essencial. A política sobre drogas precisa ser entendida como uma política transversal, que perpassa várias outras políticas públicas, como educação, saúde, segurança, assistência social. Então, é necessário fazer um esforço conjunto para tratar. Só a segurança também não é suficiente para zerar esse problema. É preciso fazer um trabalho junto com o tratamento. E, nesse sentido, o Estado, também na audiência (na Assembleia), nos apresentou dados de busca para a quitação dos convênios com as comunidades terapêuticas, o que vai ajudar certamente no tratamento dessas pessoas.
Sabemos que a senhora tem, inclusive, uma pauta voltada para essa questão do combate ao uso de drogas. E aí eu pergunto: na avaliação da senhora, qual a importância que essas comunidades terapêuticas têm no combate ao uso de drogas?
Muito grande. A gente percebe que as famílias sofrem muito. A questão da droga agride as famílias de forma muito abrangente. Pais, mães, irmãos, todo mundo se envolve. Então, aquele dependente precisa de um olhar específico, de um olhar atencioso, e as comunidades terapêuticas são uma saída. São vários tratamentos, para cada indivíduo um tratamento adequado à necessidade dele.
O deputado federal Diego Andrade (PSD) apresentou nesta semana um projeto de lei para exigir que as universidades públicas peçam exame toxicológico dos novos alunos. O que a senhora acha desse projeto?
Eu acredito na boa intenção do deputado de fazer esse teste para prevenir, porque alguns dados também nos mostram que as universidades acabam sendo espaços onde essa oferta (de drogas) vai acontecer. Não só as universidades, como as escolas. A gente tem dados que mostram a juventude se integrando às drogas muito cedo através desses contatos. Agora, acredito que a gente vai precisar estudar com mais profundidade esse projeto, porque não é quando ele (estudante) entra (na universidade) que a gente vai saber se ele será usuário, se ele já é usuário ou não. É no decorrer do processo. Nós vamos, inclusive, na comissão, nos debruçar sobre esse projeto, discutir, aprofundar as análises. Realmente, eu acredito na boa intenção, mas um efetivo resultado eu acho que não vai vir com essa legislação.
A senhora é a única representante do seu partido na Assembleia Legislativa, e é uma legenda que passou por dificuldades, que deve viver dificuldades porque não conseguiu romper a cláusula de barreira nas eleições do ano passado. Qual a situação da Rede em Minas Gerais e também no plano nacional? Há a possibilidade de uma fusão com outra sigla?
Nosso desafio é o de fazer uma caminhada pela construção efetiva do partido, da Rede Sustentabilidade. Para tanto, todos os Estados estão fazendo seus esforços para a constituição de candidaturas fortes agora na esfera municipal para que possamos eleger vereadores, possamos eleger prefeitos, ter boas participações nas eleições majoritárias, para que, em 2022, consigamos, com esse resultado, atingir a cláusula de barreira, que fica ainda um pouco mais elevada. Para 2022, o percentual é maior. Mas há um esforço concentrado, inclusive, nacional e dos Estados em fortalecer o partido.
A Rede tem o vice-prefeito de Belo Horizonte, Paulo Lamac. Que tipo de perspectiva o partido tem nesse desse cenário de tentar ter nomes e candidaturas fortes nas próximas eleições?
A Rede Belo Horizonte trabalha muito solidamente para a construção de uma chapa de vereadores na Câmara Municipal, para a gente também ter assentos lá. Hoje, a Rede não tem parlamentares municipais. E o Paulo, na vice-prefeitura, também é um grande colaborador desse projeto, um entusiasta, e certamente vai conduzir esse processo para que a gente possa ter êxito.