PSDB tenta dar fôlego a João Leite, mas pré-candidatura à PBH é uma incógnita

Atrás de recuperar o protagonismo, o PSDB ainda tenta dar fôlego à pré-candidatura do ex-deputado estadual João Leite à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Em evento em um hotel na Savassi nesta quinta-feira (21/3), com a presença do presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, as lideranças tucanas fizeram coro por mais uma candidatura de João Leite à PBH, mas o próprio ex-deputado foi evasivo. 

Perillo afirmou que veio a Belo Horizonte para fazer uma “convocação” ao PSDB de Minas. “Nós queremos uma candidatura à PBH”, frisou o ex-governador de Goiás. “E queremos candidaturas nas (cidades) mais importantes, mas também nas médias e pequenas cidades mineiras. Estou convencido de que, pelo histórico do PSDB, podemos fazer o maior número de prefeituras aqui em Minas nestas eleições”, emendou. 

De acordo com Perillo, pesquisas internas de intenções de votos do PSDB dariam a liderança a João Leite na corrida para a PBH. “Isso é motivo de sobra para que ele, Aécio, Paulo Abi Ackel e o PSDB de Minas reflitam sobre a importância estratégica de termos não só um pré-candidato, mas o próximo prefeito de Belo Horizonte”, reiterou o presidente nacional do PSDB, à frente do posto desde dezembro de 2023.

O deputado federal Aécio Neves endossou Perillo. “Ainda somos um dos principais partidos, senão o maior em Minas em número de prefeituras e de vereadores, e vamos avançar nessas eleições, inclusive com candidaturas nas principais cidades e, agora, por orientação do presidente Marconi Perillo, discutindo uma candidatura do partido na capital”, disse. 

O presidente estadual do PSDB, Paulo Abi Ackel, por sua vez, foi cauteloso. “Temos que obviamente ouvir todo o partido. Estamos aqui com o nosso João Leite e (temos) o desejo de ter uma candidatura própria, mas isso não significa que não estaríamos também conversando, a partir de agora, com todo o nosso partido, internamente, a propósito dessa questão trazida pelo Marconi”, ponderou o deputado federal.

João Leite, que ouviu os presentes gritarem o seu nome quando Perillo disse que ele lideraria pesquisas internas, foi evasivo. “Estarei à disposição para discutir, para falar dos meus pensamentos para Belo Horizonte, mas temos um tempo ainda pela frente. As lideranças estão conversando, eu estou contribuindo com o meu partido e quero muito contribuir para Belo Horizonte”, disse.

Segundo João Leite, em momento algum ele teria exigido uma pré-candidatura à PBH. “A única coisa que penso é que o PSDB tem uma obrigação com Belo Horizonte, tem uma relação muito próxima com a cidade e tem que contribuir com a cidade neste momento”, reforçou o ex-deputado, que ainda negou ter pleiteado uma pré-candidatura à Câmara Municipal.

Três vezes. O ex-deputado estadual, que não conseguiu se reeleger em 2022, já foi candidato à PBH por três vezes, sendo duas pelo PSDB. Na primeira, em 2000, foi derrotado por Célio de Castro. Na segunda, em 2016, foi derrotado por Alexandre Kalil. Em 2004, quando se candidatou pelo PSB, foi derrotado por Fernando Pimentel.

Eventuais alianças estão sobre a mesa do PSDB 

Como já mostrou O TEMPO, o PSDB discute internamente uma eventual composição com o prefeito Fuad Noman (PSD) e com o presidente da Câmara de BH, Gabriel Azevedo (MDB), que já foram filiados ao PSDB. Questionado sobre Fuad, Abi Ackel observou que ainda há "meses pela frente de conversações e diálogo". "Gabriel foi membro do PSDB, da mesma forma que Fuad foi membro dos governos tucanos exitosos e virtuosos, os melhores que Minas já teve", disse o presidente estadual.

Ao ser perguntado se as rusgas passadas com Gabriel seriam um obstáculo, Abi Ackel minimizou. "Gabriel tem conosco uma ótima relação. Eu, pessoalmente, tenho uma ótima relação (com ele) e Aécio também", pontuou. Porém, o deputado federal sugeriu outro caminho. "Um partido que tem um nome como o de João Leite, que aparece tão bem nas pesquisas, que tem o carinho de todos e que tem amplo apoio interno, nos coloca em outro caminho."

Aécio desconversa sobre candidatura ao governo em 2026

Diante da incógnita sobre uma pré-candidatura própria, Aécio, que escutou cânticos de "Um, dois, três, Aécio outra vez", foi o protagonista do evento. Logo após Abi Ackel responder a questionamentos sobre alianças, o ex-governador emendou dizendo que "o PSDB tem uma missão que transcende estas eleições". "É uma missão que atende ao sentimento mais legítimo de grande parte dos brasileiros, que estão cansados desta radicalização da política", apontou o deputado federal. 

Nessa quarta, o ex-governador, que viu sua votação para deputado federal cair em 21 mil votos entre 2018 e 2022, tornou pública uma proposta para proibir a federalização da Cemig, da Copasa e da Codemig para abater parte da dívida de quase R$ 165 bilhões do Estado com a União. A federalização foi sugerida como alternativa à adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) pelo presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), e teve a anuência do governador Romeu Zema (Novo). 

Apesar de ter prometido que PSDB terá uma candidatura ao governo de Minas em 2026 para "resgatar Minas Gerais", Aécio desconversou se será o candidato. "Estamos longe ainda de chegarmos lá, mas é natural que o PSDB, pelo o que fez em Minas, pela sua tradição... os principais avanços em Minas foram em governos do PSDB. Na região metropolitana de Belo Horizonte, quais foram os últimos investimentos estruturais? Foram pelo PSDB. Quando o PSDB construiu uma candidatura presidencial? Quando estava forte em Minas Gerais", concluiu o ex-governador.