ELEIÇÕES 2022

PT desmente que Lula vai fechar igrejas e perseguir religiosos se for eleito

Reação da coordenação da campanha ocorre após relatos de que pastores evangélicos estão espalhando as informações falsas

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 15 de agosto de 2022 | 15:55
 
 
 
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Após circularem nas redes sociais áudios de pastores evangélicos em pregações afirmando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai fechar templos cristãos e perseguir religiosos se for eleito presidente em outubro, a coordenação da campanha do PT iniciou uma ofensiva para desmentir os boatos. 

A ofensiva envolve tanto as redes sociais de coordenadores da campanha quanto material para aplicativos de compartilhamento de conteúdo, como Whatsapp e Telegram, por meio de grupos de direcionamento de mensagens nesses aplicativos. 

A presidente nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi às redes sociais no fim da tarde desta segunda-feira (15) para reiterar a estratégia de desmentir o boato.

"Amanhã começa a campanha eleitoral e o adversário, por não ter propostas e projeto para o Brasil, vem de novo com mentiras e fake news, misturando política e religião. Usando a fé para tentar ganhar votos. Vamos enfrentar esse debate com a verdade, ela sempre vence!", escreveu Gleisi no Twitter. O texto veio acompanhado de um vídeo. Veja a publicação abaixo:

 

"Será que eles acham mesmo que convencerão o povo de que Lula vai limitar ou atacar a liberdade religiosa, o direito de culto, a família? Pense bem, em que momento Lula fez isso nos oito anos que governou o Brasil?", questiona a presidente da sigla no vídeo, e em seguida lembrando políticas favoráveis aos religiosos instauradas nas gestões do ex-presidente.

Os deputados federais André Janones (Avante-MG) e José Guimarães (PT-CE) também fazem parte do time à frente da reação contra a fake news reciclada, pois já foi utilizada contra o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) quando era candidato ao Palácio do Planalto em 2018, e também contra Lula quando disputou a Presidência em 2002.

Janones, que desistiu de concorrer ao Executivo federal e se tornou peça-chave da coordenação da campanha digital do petista, publicou em seu perfil do Twitter uma foto ao lado de Lula, na residência do ex-presidente, e que aparece uma parede com vários quadros de fotografias, uma delas de Lula com o Papa Francisco. 

"Ora ora, o que temos aqui. Não é de ver que aquele a quem chamam de “anti cristão”, tem uma foto com o papa [sic] na sala da casa dele?", escreveu o deputado, na tarde do domingo (14). Veja abaixo a publicação:

Outro coordenador da campanha petista, José Guimarães seguiu a linha de Gleisi e publicou, também nesta segunda-feira, que Lula sancionou a lei da liberdade religiosa em 2003 e a lei que criou o Dia da Marcha para Jesus, em 2009, como exemplos de que o ex-presidente não fechará igrejas. 

"Lula NÃO vai fechar igrejas. Lula respeita as crenças e sancionou as leis da liberdade religiosa, em 2003, e a que cria o Dia da Marcha para Jesus, em 2009.
Quem espalha mentiras age contra a própria fé. Deus tá vendo!", manifestou Guimarães. Veja abaixo:

A plataforma de checagem de informações falsas relacionadas a Lula e ao PT, criada pelo partido, "Verdade na Rede", divulgou uma peça visual com uma foto semelhante à que está acima, sob o título "Lula é cristão e governa para todos". Há também um texto mais detalhado no site com o mesmo nome da plataforma. 

Nesse texto, é reforçada a informação das políticas sancionadas pelo ex-presidente. "Já no primeiro ano de governo, ele sancionou a lei que permitiu que as igrejas e associações religiosas pudessem ter personalidade jurídica. Em 2009, instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus e, em 2010, outra lei sancionada por Lula criou o Dia Nacional do Evangélico", explica. "Ele sabe que um presidente deve respeitar todas as pessoas. É católico. Respeita todas as religiões. Não vai fechar igrejas", acrescenta ainda o texto.

"O povo cristão é maior do que seus maus pastores. Pessoas de todas as fés são, antes disso, brasileiras. Precisam de respeito, de emprego, de saúde e de dignidade. Para Lula, Deus é aquele que cuida e ama. Não o que aterroriza e odeia", conclui. 

A Marcha para Jesus é um evento tradicionalmente evangélico e, somente em quatro meses deste ano, contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) em onze edições. A mais recente ocorreu no sábado (13), no Rio de Janeiro

Desde abril, Bolsonaro viajou, no avião presidencial, para Marchas para Jesus em Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Manaus (AM), Balneário Camboriú (SC), Vitória (ES) e Recife (PE). Há registros na agenda oficial da presença do presidente em mais de um evento no mesmo dia. Em 9 de julho, ele esteve na Marcha para Jesus durante a manhã em São Paulo (SP) e em Uberlândia (MG), durante a tarde. Em 16 de julho, uma semana depois, a viagem foi para atos em Natal (RN) e Fortaleza (CE).

Michelle Bolsonaro publicou suposta prática de intolerância religiosa

Recentemente, uma publicação compartilhada pela primeira-dama Michelle Bolsonaro na sua conta oficial e verificada do Instagram, provocou revolta em petistas e lideranças de religiões de matriz africana. 

Michelle republicou um vídeo com suposta prática de intolerância religiosa e ataques à umbanda. As imagens mostram Lula em um ritual religioso umbandista. A legenda do vídeo dizia que "Lula já entregou sua alma para vencer essa eleição". Ao compartilhar, Michelle ainda acrescentou o comentário: "Isso pode né! Eu falar de Deus, não!".

O vídeo foi publicado pela vereadora bolsonarista de São Paulo Sonaira Fernandes (Republicanos). Na legenda, a vereadora escreveu: "Não lutamos contra a carne nem o sangue, mas contra os princípios e potestades das trevas. O cristão tem que ter a coragem de falar de política hoje, para não ser proibido de falar de Jesus amanhã".

A primeira-dama tem participado mais ativamente da campanha pela reeleição de Bolsonaro. Desde a oficialização da candidatura do presidente, em 24 de julho no Rio de Janeiro, Michelle passou a discursar e fazer orações em eventos ao lado do chefe do Executivo federal. Evangélica, uma de suas missões é diminuir a rejeição a Bolsonaro entre as mulheres, no geral, e entre as religiosas.

Na última pesquisa Datafolha, o presidente Bolsonaro seguia com larga vantagem sobre os homens evangélicos, mas teve um desempenho pior entre as eleitoras evangélicas. Entre os religiosos, o chefe do Executivo federal tem 48% das intenções de voto, contra 28% para Lula. Entre as mulheres evangélicas os candidatos estão mais próximos: 29% de intenções de voto em Bolsonaro e 25% para Lula. Além disso, 34% delas se dizem indecisas. Há no Brasil 82,3 milhões de mulheres aptas a votar em outubro, superando em quase 10 milhões o número de homens, que são 74 milhões conforme a Justiça Eleitoral. 

A pesquisa Datafolha foi divulgada em 8 de agosto, e consultou presencialmente 2.556 pessoas com 16 anos ou mais em 183 municípios nos dias 27 e 28 de julho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob número BR-01192/2022.

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