PT quer apresentar denúncia contra responsáveis por drone de Uberlândia

O Partido dos Trabalhadores (PT) estuda apresentar uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) contra os operadores do drone utilizado para pulverizar supostamente uma substância para atrair moscas sobre militantes. A aeronave não tripulada foi operada, nessa quarta-feira (15), em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, antes do ato de pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD).

A princípio, o PT alega que a ação configuraria, ao menos, dois crimes. O primeiro seria invasão de espaço aéreo. “Achamos que tem um crime federal por entrar no espaço aéreo. Ele tinha autorização para acessar aquele espaço? Por que os detidos foram liberados se não apresentaram habilitação para a Polícia?”, questiona o deputado federal Reginaldo Lopes, líder do PT na Câmara dos Deputados. À Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), o responsável por controlar o drone afirmou que o documento de habilitação teria ficado “na sede da empresa em que trabalha”.

Já o segundo, conforme Reginaldo, seria o de lesão corporal. “A ocorrência foi registrada como injúria, mas não foram lançados cocô e xixi. É um agrotóxico. Isso não é injúria, é lesão corporal. Há pessoas que choraram, correram, caíram, se machucaram etc. Foi um atentado à saúde individual e coletiva”, argumenta o parlamentar. A substância ainda é desconhecida. De acordo com os detidos pela PMMG, o líquido pulverizado seria um produto utilizado para atrair moscas, que, segundo eles, não seria tóxico.

O deputado federal, coordenador-geral da chapa entre Lula e Kalil, diz que advogados da bancada federal do PT, assim como do diretório estadual já foram mobilizados para estudar a acusação. “É um atentado à democracia e a democracia é um bem inegociável. (...) Fizemos um ato aberto com dez mil pessoas. Não podemos aceitar esse tipo de intimidação em que usam uma tecnologia para entrar no espaço aéreo e atacar as pessoas”, ressalta Reginaldo.  

Durante o ato, Lula afirmou que o responsável pela ação não pode ser “um humano normal”. “É um canalha que coloca o drone para jogar sujeira em cima de homem, mulher e crianças. Me falaram que pode ser até agrotóxico. (...) Um cidadão esses não merece o nosso respeito. Não vamos tratar como nos tratam porque somos civilizados”, disse, então, o pré-candidato à presidência da República.

O drone, apreendido pela PMMG, será encaminhado ao MPF para investigação. Além da aeronave não tripulada, três homens, de 38, 29 e 28 anos, foram detidos em flagrante pela PMMG. Todos foram liberados após se comprometerem a comparecer ao Juizado Especial Criminal quando convocados.