Não é novidade para ninguém que o presidente Jair Bolsonaro vive um governo de crise permanente. Não há uma semana em que não esteja envolto em um problema em que ele próprio criou, ou que criaram para ele. Assim, há sempre no ar a mesma pergunta: “Como o presidente vai sair dessa?” Agora, porém, a resposta é cristalina: com o apoio do Centrão e de Augusto Aras, procurador geral da República.
A principal polêmica da vez é o inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a interferência do presidente na Polícia Federal. Há ainda a pressão para a divulgação de exames, rumores de insatisfação com o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, que acabou de chegar, irritação com o da Educação, Abraham Weintraub, um stress aparentemente controlado com Regina Duarte na Cultura e as pequenas rusgas que se acumulam com Paulo Guedes.
Mas de tudo isso, só o inquérito poderia dar combustível para derrubar o presidente. E, para isso, ao fim da investigação, Bolsonaro teria que ser denunciado por Augusto Aras. Só que hoje todo mundo que conhece o trabalho do chefe do Ministério Público Federal tem certeza que isso não vai acontecer. Até pelo fato de haver rumores de que ele pode ser escolhido pelo chefe do Executivo para uma vaga no Supremo nos próximos anos. E, havendo arquivamento, ou não havendo denúncia por parte do PGR, o STF nada teria a fazer. Sem denúncia, a Câmara não teria qualquer artifício para tirar o presidente que não fosse o impeachment.
E, sobre o impedimento, o centrão faz a segunda linha de defesa de Bolsonaro. Hoje, não há qualquer chance de um pedido prosperar na Casa. Ainda que Rodrigo Maia resolva aceitar um dos tantos que chegou até lá, com a maioria dos 200 deputados do centrão, e mais a pequena turma do PSL que ainda o apoia, Bolsonaro pode dormir tranquilo. O presidente ficará no cargo até o fim, ou até que essas condições mudem. Se vai governar, já é outra história.