Com a posse nesta quinta-feira (16) de Milton Ribeiro no Ministério da Educação, passarão a ser 11 os ministros com histórico militar no governo, em um universo de 23 pastas com tal status. Isso sem falar no próprio presidente e em seu vice, Hamilton Mourão. Assim, mais da metade dos postos-chave da atual gestão (13 entre 25) agora têm em seus currículos a passagem por cargos de oficiais das Forças Armadas. E isso ampliou a vinculação das forças à atual gestão.

Diante do quadro, militares da ativa ampliaram a pressão para que titulares de cargos no atual governo passem à reserva. A pressão sempre foi forte em torno de Luiz Eduardo Ramos, ministro do governo, que teve nesta quinta-feira (16) sua passagem para a reserva confirmada no Diário Oficial da União (DOU). Agora, os olhos se voltam para o general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde e que é o maior foco de revolta entre oficiais.

A insatisfação ficou maior após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes vincular o Exército ao apoio ao que chamou de genocídio, em meio à pandemia. Os chefes das três Forças Armadas reagiram em nota distribuída pelo ministro da Defesa. Mas o constrangimento de defender uma política de saúde reconhecidamente ineficaz pelos números e pelas críticas que recebe no mundo inteiro causou incômodo, evidentemente.

A avaliação hoje é que Pazuello, ao insistir na permanência no cargo, coloca em risco a credibilidade das Forças Armadas. E isso se torna ainda mais evidente pelo fato de que ele continua sendo um militar da ativa. É como se o Exército, e não Pazuello, estivesse por trás do fracasso da política de combate à pandemia. Mas, além de ficar, ele também não quer pendurar a farda.

O vice-presidente Hamilton Mourão disse, nesta semana, que o ministro interino deve voltar em agosto para o cargo de número 2 da Saúde. Isso criaria a imagem de volta da normalidade à pasta, mas há dúvidas sobre a capacidade do governo de dar autonomia a um ministro tendo um militar tão próximo em sua antessala. Não bastaria apenas a volta dele ao cargo de número 2, mas a volta de profissionais da saúde para os cargos-chave na pasta.