Os resultados da mais recente pesquisa Datafolha e as informações de bastidores que dão conta de uma futura filiação do ministro Sergio Moro ao Podemos para disputar a Presidência da República podem ser o maior risco a uma possível reeleição de Jair Bolsonaro em 2022. Embora o pleito ainda esteja longe e em política poucos meses possam mudar todo o quadro, a consistência da avaliação positiva de Moro, mesmo após escrutínio público com as mensagens de chats entre ele e procuradores, mostra que ele tem viabilidade política caso opte por esse caminho.
Isso traz um problema para Bolsonaro, que tem que contar com a sombra cada vez maior do ministro, com avaliação muito melhor que a sua, e não pode simplesmente deixá-lo pelo caminho para tirar dele visibilidade. O presidente sabe que uma eventual demissão de seu ministro mais prestigiado tenderia colocar boa parte de seus eleitores do lado do ex-juiz.
Isso pode acabar fazendo com que Bolsonaro reveja seus planos. Após rusgas com o ministro no início do governo, o presidente desistiu da ideia de indicar o titular do ministério da Justiça para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) nas próximas vagas que se abrirão ao longo deste e do próximo ano. Pesou também as resistências que Moro enfrenta no Senado, que tem que sabatinar e aprovar o nome. Porém, se o ministro tornar-se uma ameaça real a uma tentativa de reeleição, Bolsonaro pode oferecê-lo ao STF menos por gosto e mais para tirá-lo do caminho de suas pretensões políticas.
Se Moro não for para o STF e vier a ser candidato, também enfraqueceria, talvez de modo definitivo, qualquer pretensão dos governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de disputar a Presidência da República em 2022. Até por isso o paulista quer se manter próximo de Moro, apesar de seu cada vez mais claro distanciamento de Jair Bolsonaro.