Política em Análise

O adiamento das eleições e mais recursos para a saúde

Gastos de R$ 5 bilhões em momento de grave crises é colocado em xeque na sociedade

Por Ricardo Corrêa
Publicado em 25 de março de 2020 | 11:04
 
 
 
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A crise causada pela pandemia do coronavírus trouxe um necessário debate sobre a conveniência de se adiar as eleições municipais de 2020. Afinal, além de as pessoas estarem isoladas, o que dificulta as articulações partidárias, a campanha em si e até o cumprimento das obrigações eleitorais por parte de pré-candidatos e eleitores, há a urgente necessidade de destinar recursos para ações de saúde no momento atual.

Não é pouco dinheiro o que se gasta com eleições. Democracia custa mesmo caro e, no Brasil, mais do que devia. Basta somar R$ 2 bilhões do fundo eleitoral, mais quase R$ 1 bilhão do fundo partidário e levar em consideração também que grande parte do orçamento de R$ 2,1 bilhões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é empregado para realizar os pleitos. Em um conta grossa, estamos falando de algo perto de R$ 5 bilhões.

Aqui em O TEMPO estamos fazendo vários conteúdos a esse respeito. Ouvindo autoridades e traçando o que dava para fazer com esse dinheiro. É muita coisa. Só com o fundo eleitoral, por exemplo, seria possível aumentar em 30,5% o total de respiradores que o país tem nas redes pública e privada. Se considerarmos os R$ 5 bilhões que citei acima, aí daria para mais do que dobrar o número de respiradores na rede pública. Não é dinheiro de se desprezar.

E diante da possibilidade de adiamento da eleição, é válido o debate a respeito de eventual unificação dos pleitos em 2022. Não é razoável discutir uma maneira de diminuir essa conta e esse esforço realizado de dois em dois anos.

Entendo que muita gente se posiciona contra a unificação das eleições sob a alegação de que a eleição presidencial poderia eclipsar as demais escolhas. O cidadão praticamente não acompanharia o debate sobre prefeitura e vereança diante da tonelada de propaganda em nível nacional. É um ponto a se colocar. Mas será que a conscientização da população para que entenda melhor a função de cada cargo e o esforço para isso não seria menor do que o gasto exorbitante que experimentamos hoje. Não é nem apenas uma questão de escolha, mas de necessidade. O país já estava quebrado e, diante do mal que caiu sobre nós, não há qualquer sinal de que a situação possa melhorar. Muito pelo contrário. Precisamos racionalizar recursos.

Clique aqui para votar na enquete sobre o adiamento das eleições e sobre o uso de recursos eleitorais na luta contra a pandemia.

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