O resultado da pesquisa DataTempo/CP2 divulgada hoje e que mostra o prefeito Alexandre Kalil (PSD) com 64,8% das intenções de voto (o que representa cerca de 80% dos votos válidos, em uma projeção), reforça que a disputa em Belo Horizonte é hoje a mais desequilibrada no Brasil. E isso gera o debate sobre as razões pelas quais o prefeito tem tanta vantagem. Afinal, por que Kalil está tão à frente dos demais?
A própria pesquisa traz algumas explicações. E a principal delas, claro, é a boa avaliação da administração atual, principalmente no comparativo com outros governantes. Hoje, 67,8% dos eleitores da capital consideram a administração de Alexandre Kalil boa ou ótima, o melhor índice desde que começou o governo. E o resultado representa o dobro, por exemplo, do que é registrado pelo governador Romeu Zema (Novo) e bem mais do que o presidente Jair Bolsonaro. O índice é semelhante ao das intenções de votos do prefeito na pesquisa. Quando se foca na aprovação ou desaprovação, são 79,52% os que aprovam e 17,88% os que desaprovam. O número aproxima-se muito da projeção hoje de votos válidos: 80% para Kalil e 20% para os demais.
Mas por qual razão os outros candidatos não conseguem mudar essa realidade de boa avaliação da gestão Kalil? Aí entram em cena outros ingredientes. Um deles pode ser observado quando fazemos uma análise mais detida sobre a rejeição a cada um deles. Em quase todos os casos, o principal motivo para rejeitar é o desconhecimento sobre o postulante à PBH. Em apenas dois casos o primeiro motivo é outro: Áurea Carolina (PSOL) e Nilmário Miranda (PT) têm na insatisfação com seus partidos o principal entrave na disputa.
Esse desconhecimento era esperado e, por essa razão, os candidatos apostaram bastante no horário eleitoral e em campanhas na internet. Mas os dados sobre hábitos de mídia dos eleitores também dão más notícias para os concorrentes de Kalil. O cidadão parece não estar nada atento à propaganda obrigatória. Tanto que, enquanto 55,5% se informam sobre os candidatos por meio da cobertura da imprensa, apenas 6,6% o fazem pelo horário eleitoral e pelos debates na TV (só ocorreu um na verdade). E como Kalil já está no noticiário há quatro anos por conta do mandato na prefeitura, ele também leva vantagem. João Vítor Xavier (Cidadania), hoje o principal concorrente, ainda enfrenta outro percalço: a insatisfação com a maneira com que faz sua campanha é o segundo item mais citado pelos eleitores para apontarem rejeição a ele. À frente, só o desconhecimento do trabalho do candidato.
Páginas no Facebook e Instagram dos candidatos e conversas pelo WhatsApp também são citadas por apenas 6,6% dos eleitores, o que indica que esse tipo de campanha, que teve muita força na disputa de 2018, perdeu espaço. Isso ajuda a explicar os resultados muito ruins de Bruno Engler (PRTB), que tem o apoio de Bolsonaro, mas conta apenas com a internet para fazê-lo reverberar.
Por fim, destaco ainda o fato de que 51,3% dos eleitores não se dizem mais dispostos a mudar o voto e de que 82% desses já decididos apontam a preferência por Alexandre Kalil. Isso resume o desafio dos demais concorrentes à PBH. Nenhuma campanha dentro da normalidade consegue reverter tal cenário. Seria preciso um fato externo, muito forte, para alterar o curso das coisas e impedir a reeleição do prefeito.