Faltando pouco menos de um ano para a disputa eleitoral de 2022, a terceira via enfim colocou de fato o bloco na rua. Nos últimos dias, os principais nomes que concorrem por essa fatia do eleitorado fizeram movimentos para se colocarem em evidência e tentarem começar um difícil processo de quebra de polarização entre o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A campanha ao Palácio do Planalto agora já começou de forma mais intensa.
Entre os nomes que se movimentaram na última semana, destaca-se o de Ciro Gomes (PDT), que hoje lidera esse pelotão de fundo. O ex-ministro e ex-governador do Ceará iniciou uma mobilização, que inclusive contou já com jingle e slogan preparado pelo marqueteiro João Santana. O “Prefiro Ciro” foi estampado em prédios e bandeiras e a militância pedetista fez, inclusive, ações para adesivar carros em diversas capitais do país. Coisa que, normalmente, vemos em período de campanha efetiva mas que, no Brasil, com regras frouxas para a propaganda eleitoral, costumamos ver cada vez mais cedo.
Quem também se movimentou mais foi o até então tímido Rodrigo Pacheco, presidente do Senado e do Congresso. Amanhã, ele se filiará oficialmente ao PSD mas, no fim de semana, já participou do encontro estadual do partido no Rio de Janeiro. O senador foi saudado como “futuro presidente do Brasil” diversas vezes, exaltado por Eduardo Paes e Gilberto Kassab, e fez um discurso que mostrou um pouco do tom que adotará na campanha, com alfinetadas em Jair Bolsonaro e a pregação de união do Brasil.
Quem também já está com filiação agendada, mas para o mês de novembro, é o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Após finalizar seu trabalho de consultoria nos Estados Unidos e acertar a entrada no Podemos, ele usará o lançamento de seu livro para ganhar mais espaço e tentar colocar seu projeto eleitoral em prática. A publicação será lançada oficialmente em dezembro, em várias capitais brasileiras, mas já está em pré-venda, e inclusive na lista dos mais vendidos nas primeiras horas em que foi disponibilizada no site da Amazon.
Na lista dos que colocaram a campanha mais efetivamente nas ruas vemos também os tucanos, que travam uma interessante batalha interna no partido. Na última semana, o governador de São Paulo, João Doria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, realizaram um debate transmitido por veículos de comunicação. Nos bastidores, os dois primeiros, que praticamente polarizam a disputa, trocam farpas e acusações sobre os rumos do processo eleitoral.
Com mais de uma dezena de pré-candidatos hoje colocados - nem todos obviamente vão se viabilizar - o grande desafio no primeiro momento é colocar-se em evidência diante dos demais. Só quem conseguir se desgarrar terá alguma chance de ser visto como alternativa a Lula e a Bolsonaro. Além desses citados, há outros nomes que estão mais tímidos até aqui, como José Luiz Datena (União Brasil), Luiz Henrique Mandetta (União Brasil), Simone Tebet (MDB), Luiz Felipe D’Avila (Novo) e Alessandro Vieira (Cidadania), por exemplo. Com tanta gente disputando um espaço de cerca de um terço do eleitorado, a disputa necessariamente será quente e difícil. Quanto antes esse trabalho começar para valer, mais chances um desses nomes terá de romper a hoje muito provável polarização entre petistas e bolsonaristas.