CPI

Simões renuncia e vereadores vão disputar relatoria sobre Andrade Gutierrez

O agora secretário geral do Estado entregou o documento na terça-feira na Câmara de Belo Horizonte

Por Lucas Henrique Gomes
Publicado em 07 de maio de 2020 | 08:00
 
 
 
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Mateus Simões, hoje secretário geral de Minas Gerais, entregou na última terça-feira (5) o pedido de renúncia do cargo de vereador em Belo Horizonte na Câmara Municipal. A cadeira já era ocupada por Bernardo Ramos (Novo) desde o pedido de afastamento de Simões quando foi convidado por Romeu Zema para assumir a pasta no Estado em março deste ano. 

Com a saída de Mateus Simões, algumas funções ocupadas por ele ficaram sem responsáveis, como a participação na CPI da Andrade Gutierrez, onde ele era o relator. Esse cargo deve ser disputado nas próximas reuniões da comissão entre Bernardo Ramos e Irlan Melo (PSD).

O colegiado apura débitos do município com a construtora proveniente dos contratos para a construção do Túnel da Lagoinha, canalização do ribeirão Arrudas, remoção de aguapés na Lagoa da Pampulha, a confissão de dívida respectiva, materializada na Lei Municipal n° 5.371/1988, a posterior autorização de renegociação constante da Lei Municipal n° 7.639/1999 e o pagamento do débito. 

Em contato com a reportagem, Bernardo Ramos disse ter interesse em assumir a relatoria até pelo fato de assessores de Simões permanecerem com ele e possuírem um relatório preliminar já elaborado. "O trabalho está feito, está tudo encaminhado no gabinete", disse.

Nos bastidores da Câmara, a informação era de que Irlan Melo já havia colocado o seu nome para a relatoria. A informação foi confirmada pelo vereador. "Eu tenho interesse sim, mas vai depender da composição interna. Tenho interesse pela formação jurídica e esse trabalho é muito focado no jurídico", afirmou Melo, que alegou não ter falado com Ramos sobre o tema. 

Durante a paralisação da Câmara estavam previstos os depoimentos dos ex-prefeitos Marcio Lacerda e Fernando Pimentel. Nessa quarta-feira (6), em contato com O TEMPO, Mateus Simões disse que se essas oitivas não forem possíveis, não trarão prejuízos ao trabalho por já estar claro o prejuízo causado pela construtura ao erário belo-horizontino. "Tínhamos já antes da pandemia um relatório preliminar que está na mão do Bernardo Ramos e tenho certeza que independente da relatoria, esse relatório preliminar será muito útil. Nós já temos algumas irregularidades demonstradas, há pelo menos R$ 100 milhões de prejuízo que já está apurado, mas pode ser, óbvio, muito superior a isso, por isso a importância da comissão tratar com relevância os trabalho", disse. 

O colegiado pediu à Câmara que fosse contratada uma perícia para que o valor exato do prejuízo fosse levantado. "Mas mesmo que por algum motivo a perícia não ocorra, o prejuízo já está demonstrado, o que não está exato é o tamanho do dano", explicou Simões.

O relatório final pode servir de base para a proposição de um processo judicial contra a construtora por parte da prefeitura, do Ministério Público ou de uma ação popular.

Renúncia

O ex-vereador comentou sobre a renúncia apresentada no Legislativo da capital e disse que nunca imaginaria interromper o mandato com uma desistência, mas que assumiu um desafio também de interesse público e é grato ao governador pelo convite. 

Sobre a experiência no parlamento, Mateus Simões considerou como mais importante ter reforçado a ideia do "Legislativo ser responsável pelos problemas e soluções de longo prazo". "O Executivo é importante no dia a dia, mas quem vai destruir ou resolver a vida das pessoas é o Legislativo, precisamos de muita atenção da população. Serviu também para aumentar a minha capacidade de resiliência, de entender que temos que brigar pelo o que acreditamos, mas não significa que vamos ganhar", avaliou.

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