Eleições 2022

'Sou contra o aborto, mas ele existe', diz Lula após polêmica

Após dizer que 'todos deveriam ter direito', ex-presidente disse que apenas defende que assunto seja tratado como questão de saúde pública

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 07 de abril de 2022 | 09:57
 
 
 
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Após uma fala em que defende que todos tenham direito ao aborto causar polêmica e reação na sociedade, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na manhã desta quinta-feira (7) que é contra o procedimento. Apesar disso, ele voltou a defender que é preciso transformar a discussão em uma questão de saúde pública.

"Você sabe qual a vantagem de eu ter disputado muitas eleições? 1982, 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006? É que essa pergunta (sobre o aborto) já chegou pra mim mil vezes. A única vez que deixei de falar na fala que eu disse é que eu sou contra o aborto. Eu tenho cinco filhos, oito netos e uma bisneta. Eu sou contra o aborto. O que eu disse é o seguinte: é preciso transformar essa questão do aborto numa questão de saúde pública", disse o ex-presidente em entrevista à rádio Jangadeiro, em Fortaleza. 

Ao explicar sua posição, Lula voltou a fazer que defende que pessoas que 'forem vítimas de um aborto' devem ter condições de se tratar na rede pública.

"É só isso. Qual é o crime? Mesmo eu sendo contra o aborto, ele existe. E ele existe de forma diferenciada. Quando ele se dá com uma pessoa que tem poder aquisitivo bom, essa pessoa busca uma clínica boa, quem sabe viaja até no exterior e vai cuidar de se tratar. E a pessoa pobre? Uma pessoa pobre que não tem como se tratar. Como ela faz? Eu até citei exemplo de uma mulher que eu conheci que ela tentou fazer um aborto colocando tentando perfurar o útero com agulha de tricô", apontou.

Para Lula, o Estado tem que dar atenção a essas pessoas pobres "que por N razões adotam" o aborto.

"Eu não quero saber porque ela está abortando. Mas ela às vezes aborta e o estado tem que cuidar, não pode abandonar", disse, completando: "Ele existe. Por mais que a lei proíba, que a religião não goste, ele existe. E muitas mulheres são vítimas disso", encerrou, enfatizando que não pode haver mortes por falta de atendimento.

Na terça-feira (5), em encontro promovido pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, e uma fundação alemã, Lua disse: "Aqui no Brasil, as mulheres pobres morrem tentando fazer um aborto, porque é proibido, o aborto é ilegal. Aqui ela não faz porque é proibido, quando na verdade deveria ser transformado numa questão de saúde pública e todo mundo ter direito e não ter vergonha. Eu não quero ter um filho, eu vou cuidar de não ter o meu filho."

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