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União vai leiloar terrenos em áreas nobres de BH e Nova Lima

Entre os ‘produtos’ está área em região de alta especulação imobiliária, capaz de abrigar um bairro. Governo não revela expectativa de arrecadação; pregão será em março.

Por Thaís Mota
Publicado em 18 de novembro de 2021 | 20:20
 
 
 
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Áreas da União na divisa de Belo Horizonte com Nova Lima devem ser leiloadas pelo Ministério da Economia em março do ano que vem. Entre os lotes, glebas, prédios e andares em prédios conhecidos da capital estão terrenos em áreas com alta especulação imobiliária e com extensão suficiente para abrigar um novo bairro. O anúncio oficial e a apresentação dos terrenos à venda acontecem no Feirão de Imóveis SPU+ de Minas Gerais, realizado nesta sexta-feira (19) na capital. 

Ao todo, são 19 glebas (terrenos não desmembrados nem loteados), que somam aproximadamente 50 hectares entre o Belvedere, na capital, e o Vila da Serra, em Nova Lima. A área corresponde à faixa de servidão de um ramal desativado da Rede Ferroviária Federal S/A e que, segundo o secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, poderia dar origem a um novo bairro, devido ao tamanho dos terrenos e à especulação imobiliária na região.

“É um grande vazio que foi abandonado pela União há décadas e que agora, finalmente, está sendo oferecido para o setor imobiliário local para que seja feito um projeto grandioso, para que realmente seja oferecida uma série de serviços, unidades habitacionais ou o que quer que seja. A gente tem tentado identificar esses grandes imóveis, que têm potencial de desenvolvimento econômico local”, explicou o secretário. 

Todas as 19 glebas colocadas à venda no feirão já receberam uma ou mais Propostas de Aquisição de Imóveis (PAI), espécie de oferta que pode ser feita por pessoas físicas ou jurídicas que tenham interesse em adquirir qualquer imóvel da União. Essa possibilidade surgiu a partir da Lei 14.011/2020, que inverteu a lógica dos leilões de imóveis do governo federal.

“Nós fomos ineficientes no passado escolhendo os imóveis errados para colocar à venda. E o efeito disso foi que tínhamos 97% de frustração nos nossos leilões, uma taxa vexaminosa. Então, no fim das contas, o que a gente construiu? Esse instrumento de PAI: o mercado faz uma primeira proposta para um imóvel que a princípio não está à venda, mas a gente abre um edital baseado na proposta que esse primeiro proponente fez, e a partir daí qualquer pessoa pode apresentar lances. Mas esse primeiro interessado fica com o direito de preferência daquele imóvel e pode cobrir a melhor oferta no final”, explicou Mac Cord.

No caso de Minas, os terrenos no Belvedere e no Vila da Serra devem ser os primeiros a ser leiloados, já que são os que despertaram maior interesse da iniciativa privada. No entanto, o secretário disse que não pode informar de onde partiram as propostas já apresentadas, nem adiantar os valores esperados pela União com os leilões.

Há bens em todo o Estado

Além das áreas na divisa de BH com Nova Lima, o feirão vai apresentar 139 imóveis à venda em todo o Estado, entre eles terrenos, galpões e fazendas. No total, são 122 imóveis da Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União (SPU) e 17 do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 
Este é o terceiro feirão de imóveis realizado pelo Ministério da Economia neste ano. Em agosto, a pasta promoveu o primeiro evento no Rio de Janeiro e, no mês passado, realizou a edição de São Paulo. Em todos eles, o número de propostas de interesse nos imóveis da União aumentou muito após a realização dos eventos. Para o mês de dezembro estão previstos feirões no Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. 

A lista de imóveis da União que serão leiloados em Minas inclui prédios abandonados na região central de BH, como o edifício onde funcionou a sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), na avenida Prudente de Morais. Segundo a secretária de Coordenação e Governança do Patrimônio da União, Fabiana Rodopoulos, a pasta tem 2.360 imóveis em Minas, mas selecionou os (139) que têm maior interesse da iniciativa privada e maior viabilidade econômica.

“(A ideia foi) concentrar esforço em imóveis de grande porte com um excelente potencial para construção civil com geração de emprego e renda. Isso traz um ganho enorme para a cidade e para o desenvolvimento econômico local porque, em geral, nessas cidades do Brasil afora, o único proprietário de grandes áreas urbanas vazias é a União”, explicou o secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord.

O Feirão de Imóveis será realizado às 10h, na sede do Ministério da Economia em Belo Horizonte (avenida Afonso Pena, 1.316, no centro da capital).

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