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Vereadores encontram imóvel alvo de CPI contra Kalil, mas ele está ocupado

Ex-prefeito nega conhecimento sobre a existência do terreno, mas proprietário diz ter recebido contato de advogado sete anos atrás

Por Hermano Chiodi
Publicado em 22 de junho de 2023 | 12:38
 
 
 
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Os vereadores visitaram, nesta quinta-feira (22), um terreno que seria da família de Alexandre Kalil e acabou virando alvo da CPI do Abuso de Poder, em curso na Câmara Municipal de Belo Horizonte, por causa da suspensão de cobranças de IPTU durante a gestão do ex-prefeito.

Ao chegar no local, os vereadores identificaram que ele está ocupado desde a década de 1990 e, segundo informações dos moradores, é alvo de uma ação de usucapião.

O ex-prefeito alega que desconhece a existência do imóvel e por isso questiona as cobranças da Prefeitura. Porém, a reportagem conversou com os atuais ocupantes da área e eles confirmaram que chegaram a ser procurados por um advogado, em nome da família Kalil.

O atual responsável pelo terreno não quis gravar entrevista e não quer ser identificado, mas informou que o processo para reconhecimento da posse começou a tramitar na justiça em 2014 e que, até o momento, não houve nenhum questionamento por parte da família Kalil.

O processo de cobrança dos impostos foi iniciado em 2015, pela prefeitura. Em 2017, segundo a relatora da CPI,  Fernanda Pereira Altoé (Novo), após a posse de Alexandre Kalil como prefeito, o então procurador Hércules Guerra, hoje procurador-geral do Município, solicitou que a ação fosse suspensa.

Próximos passos

A vereadora Fernanda Altoé (Novo), disse que a visita, mesmo encontrando o imóvel ocupado de forma irregular, confirma as denúncias da CPI.

"O lote existe, está aí e a prefeitura sabe. O Kalil continua sendo o responsável pela dívida", destacou.

Para o presidente da CPI, vereador Wesley Moreira (PP), cabe agora ao ex-prefeito explicar o que será feito com o terreno. "Ele chegou a dizer que se a gente encontrasse o terreno ele iria doar. O terreno existe", afirmou. 

A CPI do Abuso de Poder também investiga as contrapartidas cobradas pela prefeitura para a instalação da Arena MRV, novo estádio do Atlético. A suspeita é que Alexandre Kalil tenha utilizado a influência sobre a prefeitura para dificultar a gestão dos investidores, tidos como grupo adversário no clube de futebol.

O prazo de 120 dias inicial para realização dos trabalhos acabou em maio e a CPI foi prorrogada por mais 60 dias. Não há, ainda, data prevista para a conclusão dos trabalhos e a CPI avalia a possibilidade de convocar Kalil para depor.

A reportagem fez contato com a assessoria do ex-prefeito Alexandre Kalil, mas ele ainda não se manifestou sobre os novos fatos identificados pela Comissão.

Terreno

Na área existem dois galpões e uma edificação utilizados por um projeto social. O atual responsável pela área contou que o terreno sempre foi abandonado e apesar dos rumores de que pertenceria à família Kalil, nenhum herdeiro nunca apareceu no local.

Ainda de acordo com o atual o ocupante da área, o local era utilizado para prática de crimes e esconderijo de bandidos, por isso a família dele, que é vizinha do terreno, resolveu assumir a guarda da área.

Um dos objetivos dos vereadores era saber se alguém chegou a receber indenização por desapropriação do terreno para duplicação da avenida Pedro I, que passa aos fundos da área. Porém, o lote permanece com o tamanho original e não houve indenizações.

A pesar da família que atualmente ocupa o terreno ser gestora de uma ONG, o responsável negou qualquer relação com Alexandre Kalil.

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