Viagem de Bolsonaro a Minas pode ser pá de cal na campanha de Viana ao Governo

Anunciado até então como o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao governo de Minas, o pré-candidato pelo partido, senador Carlos Viana, tem a pré-candidatura desacreditada pelos colegas. Alguns deles, inclusive, dão o prazo de 20 dias para que ela chegue ao fim. E a viagem do presidente hoje a Minas pode definir os palanques para a disputa do Palácio Tiradentes e colocar uma pá de cal nas pretensões de Viana. 

Bolsonaro visita Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, e, depois, Belo Horizonte, onde participa de evento de posse da diretoria da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O governador Romeu Zema (Novo) também vai participar do evento na capital, organizado pelo presidente da federação, Flávio Roscoe, um dos maiores entusiastas da reeleição de Zema.

Viana não foi convidado para o evento. Ele vem de Brasília a Minas com Bolsonaro no mesmo avião e retorna a capital federal também na aeronave do presidente, mas não participa da agenda em Belo Horizonte. 

O evento serviria para tentar costurar, novamente, o apoio mútuo e o palanque: Zema-Bolsonaro, como contraponto ao apoio do ex-presidente Lula (PT) à candidatura de Kalil. “Entre 15 e 20 dias, o programa de Zema (Novo) e Bolsonaro está consolidado. Amanhã (hoje), na Fiemg, essa tendência está clara”, disse um parlamentar do PL.

Secreto

A visita de hoje será a segunda de Bolsonaro a Minas. No início do mês, ele participou da ExpoZebu, em Uberaba, no Triângulo. Lá, ele teria se reunido reservadamente com Zema, em uma conversa que durou cerca de 40 minutos. 

No mesmo evento, chamaram atenção os elogios de Bolsonaro a Zema e o distanciamento de Viana, que depois reclamou do cerimonial. Dias depois, Viana admitiu, em entrevista ao Uol, que sua candidatura dependia do presidente e que se ele falasse para concorrer, não teria alternativa a não ser desistir.

Minas

Deputados do PL garantem que 90% das bancadas estadual e federal são pró-Zema, por causa de seu favoritismo. De acordo com lideranças, começar uma campanha para apresentar e convencer os prefeitos a oferecer palanque para Viana demandaria trabalho e desperdiçaria o consenso que já existe em torno do nome de Zema. 

Há também uma resistência pela interpretação de que Viana foi ‘enfiado goela abaixo’ pela direção nacional. No início de abril, o senador deixou o MDB e filiou-se ao PL, no último dia da janela partidária, pegando seu novos correligionários de surpresa. Procurado, Viana não se pronunciou.