RELEMBRE RELAÇÃO

Zema ainda não definiu se irá a ato de Bolsonaro

Ato marcado para este domingo (25) já tem a confirmação de três governadores, entre eles Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP)

Por Mariana Cavalcanti
Publicado em 23 de fevereiro de 2024 | 17:02
 
 
 

O governador Romeu Zema ainda não confirmou se vai ao ato de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), marcado para este domingo (25), na avenida Paulista. Até o momento, confirmaram presença os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Jorginho Melo (PL-SC), e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO). O ato foi marcado com a ideia de “testar” a força de Bolsonaro, perante a investigação de tentativa de golpe de estado que envolve o ex-presidente. 

"Estarei realizando um ato pacífico em defesa do nosso Estado Democrático de Direito. Peço a todos vocês que compareçam trajando verde e amarelo. E mais do que isso, não compareçam com qualquer cartaz ou faixa contra quem quer que seja. Nesse evento, quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses. Mais do que discurso, uma fotografia", disse Bolsonaro em vídeo convocatório.

Na bancada mineira da Câmara dos Deputados, estão confirmados Eros Biondini, Cabo Junio Amaral, Domingos Sávio, Marcelo Álvaro Antônio, Maurício do Vôlei, Nikolas Ferreira, Rosângela Reis e Zé Vitor, todos do PL de Minas Gerais. Dr. Frederico integra o PRD, mas também deve ir a São Paulo se encontrar com Bolsonaro. O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) é outra presença certa.

Já na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, vão comparecer pelo PL os deputados estaduais Antonio Carlos Arantes, Bruno Engler, Cristiano Caporezzo, Coronel Henrique, Delegada Sheila e Eduardo Azevedo, todos do PL. Chiara Biondini (Progressistas) também deve comparecer.

Relação de Zema com Bolsonaro

A relação de Zema com Bolsonaro começou ainda nas eleições de 2018, quando ambos foram eleitos pela primeira vez para cargos do Executivo. Na época, mesmo com João Amoêdo sendo candidato à Presidência pelo Novo, Zema pediu votos para Bolsonaro durante  debate eleitoral, o que teria sido uma estratégia de sucesso para ajudar o mineiro a ser eleito.

Apesar de não fazer parte do grupo mais íntimo do bolsonarismo, Zema muitas vezes agiu como um cabo eleitoral para Bolsonaro em Minas, e a relação entre ex-presidente e governador mineiro sempre foi considerada como boa. Na Assembleia Legislativa, inclusive, a bancada bolsonarista atua como base do governo. Além disso, cotado como um nome à Presidência nas eleições de 2026, Zema defende uma “frente ampla da direita” e cita Bolsonaro como possível articulador. 

Nas eleições de 2022, Minas teve um papel central na campanha de Bolsonaro, e Zema foi o principal cabo eleitoral do ex-presidente no Estado no segundo turno. Mesmo com o PL lançando a candidatura do jornalista Carlos Viana, Bolsonaro não deixou de elogiar e citar sua boa relação com Zema. O governador, por sua vez, apoiou oficialmente a candidatura de Luiz Felipe D’Ávila, do seu partido, no primeiro turno, mas intensificou o discurso contra o PT, se aproximando de Bolsonaro. 

Um dia após o resultado do 1º turno, Zema viajou a Brasília para declarar o apoio à reeleição de Bolsonaro. Durante a campanha, o governador tentou angariar votos ao ex-presidente em Minas. Apesar de Lula ter vencido no Estado, o próprio Zema já relembrou em entrevistas que a diferença de votos foi "mínima".

Nos ataques à Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023, Zema teve falas criticando o que chamou de “vandalismo”, mas não atribuiu culpa ao ex-presidente e sugeriu uma “vista-grossa” proposital do governo de Lula, mesma tese usada pelos bolsonaristas. "Houve um erro também, talvez até proposital, do governo federal, que fez vista grossa para que o pior acontecesse e ele se fizesse posteriormente de vítima", disse em entrevista à Rádio Gaúcha na época.

Uma pequena rusga na relação dos políticos apareceu no fim do ano passado, após o governador declarar que havia apoiado o ex-presidente nas eleições "muito mais" por ser contra o PT do que "por concordar". Na época, Carlos Bolsonaro chegou a chamar Zema de “insosso e malandro”, mas menos de um mês depois Bolsonaro visitou Minas Gerais e se reuniu com o governador, afastando boatos de um possível desentendimento.

Presença em ato do dia 8 de janeiro

A presença do governador mineiro no ato organizado pelo governo federal para relembrar os ataques à Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro não foi confirmada até o último minuto. O evento, organizado pela primeira-dama Janja, foi intitulado de "Democracia Inabalada" e contou com cerca de 500 convidados, incluindo ministros do governo, ministros do STF, parlamentares, governadores e outras autoridades.

A decisão anunciada de última hora pelo chefe do governo de Minas foi vista como surpresa não só por membros do Executivo, como também por representantes do Palácio do Planalto e da própria organização da cerimônia. O esperado era que ele se juntasse a outros governadores de oposição ao petista e não comparecesse ao evento, uma vez que estava de férias.

Mas, ao chegar em Brasília, Zema acabou desistindo de ir ao ato, que já tinha inclusive separado um lugar para o governador. Segundo apurou O TEMPO, a agenda teria incomodado a cúpula local do Novo, já que a avaliação era que o governador teria pouco a ganhar. Após recuar, Zema atribuiu a ausência ao que chamou de caráter “político” da cerimônia. 

Entenda a operação que investiga tentativa de golpe de Estado

A manifestação marcada por Bolsonaro para este domingo (25) é uma resposta à operação da Polícia Federal (PF), batizada de Tempus Veritatis, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado e subversão do Estado Democrático de Direito no Brasil. O ex-presidente Jair Bolsonaro teve seu passaporte retido após a medida cautelar determinada pela investigação, que busca aprofundar os detalhes de um possível complô político.

A operação investiga se Bolsonaro e aliados teriam ordenado ajustes em uma minuta de golpe, incluindo a emissão de ordens de prisão para diversas autoridades, como ministros do Supremo Tribunal Federal e o presidente do Congresso Nacional. Além disso, agentes da PF identificaram um suposto monitoramento das atividades do ministro Alexandre de Moraes por um "núcleo de inteligência paralela" próximo a Bolsonaro.

No depoimento a PF nesta quinta-feira (22), Bolsonaro optou por se calar, alegando falta de acesso aos documentos da investigação. O ex-presidente permaneceu na sede da PF por cerca de 30 minutos, sem prestar esclarecimentos à imprensa.

Além disso, a investigação revelou que o grupo suspeito teria se dividido em núcleos para disseminar a narrativa de fraude nas eleições presidenciais de 2022 e buscar legitimar uma intervenção militar. Entre os detidos na operação estão ex-assessores de Bolsonaro, incluindo Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência.

Com colaboração de Gabriel Ronan 

 

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