Tempus veritatis

Bolsonaro não respondeu perguntas da PF sobre suposto plano de golpe de Estado

De acordo com sua defesa, o único motivo para o ex-presidente permanecer em silêncio é o fato de estar respondendo a uma investigação semi-secreta

Por Gabriela Oliva
Publicado em 22 de fevereiro de 2024 | 15:44
 
 
 
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Nesta quinta-feira (22), durante seu depoimento na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro optou por permanecer em silêncio, conforme havia sido antecipado pela sua defesa. Sua presença na sede da PF durou menos de meia hora.

Segundo o advogado Paulo Bueno, o silêncio não foi "simplesmente pelo uso do exercício constitucional", mas uma estratégia baseada no fato de que "a defesa não teve acesso a todos os elementos que estão sendo imputados ao ex-presidente em determinados delitos". Conforme Bueno, "o único motivo é o fato de ele responder a uma investigação semi-secreta".

Ainda segundo o advogado, "a forma de acesso aos documentos, especialmente as declarações do tenente-coronel Mauro Cid e as mídias eletrônicas obtidas dos celulares de terceiros e computadores, impedem que a defesa tenha mínimo conhecimento de quais elementos o presidente é hoje convocado a esse depoimento".

Também advogado do ex-presidente, Fábio Wajngarten disse que "Bolsonaro nunca foi simpático a qualquer tipo de movimento golpista. Sobre os demais elementos que constam da investigação, a defesa só vai se manifestar quando tiver acesso a eles".

Depoimentos ocorreram simultaneamente nesta quinta

Ao todo, 23 pessoas foram intimadas pela Polícia Federal a depor no âmbito da Operação Tempus Veritatis. Entre eles está Jair Bolsonaro e quatro oficiais-generais de quatro estrelas.

Os depoimentos começaram de forma simultânea a partir das 14h30 desta quinta-feira (22), em oito unidades da federação: Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Ceará.
 
Depoimentos em Brasília:
  • Jair Bolsonaro;
  • General Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Marcelo Costa Câmara, ex-assessor;
  • Mário Fernandes, ex-titular da Secretaria-Geral da Presidência;
  • Tércio Arnaldo;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Valdemar Costa Neto, presidente do PL;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Cleverson Ney Magalhães;
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil;
  • Bernardo Romão Correia Neto;
  • Ronaldo Ferreira de Araújo Junior;
Rio de Janeiro:
 
  • Hélio Ferreira Lima;
  • Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros;
  • Ailton Gonçalves Moraes de Barros;
  • Rafael Martins Oliveira.
 
São Paulo:
  • Amauri Feres Saad;
  • José Eduardo de Oliveira.
Paraná:
  • Filipe Garcia Martins.
Minas Gerais:
  •  Éder Balbino.
Mato Grosso do Sul:
  • Laércio Virgílio.
 
Espírito Santo:
  • Ângelo Martins Denicoli

Entenda a operação

Os depoimentos fazem parte da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF há duas semanas. Segundo as investigações, Bolsonaro e seus aliados se articularam para promover um golpe de Estado e mantê-lo no poder, visando impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Um vídeo contendo a gravação de uma reunião foi descoberto em um dos computadores de Mauro Cid. Nesse vídeo, Bolsonaro é visto instruindo seus ministros sobre a necessidade de agir antes das eleições para evitar que o Brasil se torne "uma grande guerrilha" e "uma fogueira".

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