O governador Romeu Zema (Novo) negou qualquer incômodo com o protagonismo do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), ao encabeçar as negociações por uma solução para renegociar a dívida de cerca de R$ 165 bilhões que Minas Gerais tem com a União. O governador convidou jornalistas para um café da manhã nesta terça-feira (23/4) no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais.
Zema afirmou que, caso uma alternativa à adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) seja consolidada, irá reconhecer Pacheco. “Vou dar todos os méritos para ele”, disse o governador. Questionado se daria mesmo diante de uma eventual candidatura do senador para sucedê-lo no governo de Minas, ele respondeu que sim. “Dois mil e vinte e seis não é problema meu. Dois mil e vinte e seis é problema dos mineiros”, brincou. Zema não pode se candidatar à reeleição.
Em dezembro de 2023, Pacheco revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem se aproximou durante a presidência do Congresso Nacional, o quer como candidato ao governo de Minas em 2026. “A gente tem que avaliar como vai ser o futuro, qual vai ser a disposição, e acertar isso. Mas, por ora, eu não estou movendo nenhuma ação (da dívida) por motivação disso (candidatura)”, desconversou o senador à época.
Por outro lado, o vice Mateus Simões (Novo), que tem ganhado protagonismo dentro do governo, é cotado como candidato natural em 2026. Simões liderou, por exemplo, uma comitiva do Estado a Brasília no início deste mês para uma reunião com o próprio Pacheco e secretários de Estado para apresentar sugestões à proposta do governo Lula para repactuar a dívida com a União. Na ocasião, o Palácio Tiradentes justificou que o vice já “conduz periodicamente a equipe técnica responsável pela renegociação”.
Antes, Simões já havia tido protagonismo durante a inauguração de um complexo de produção de fertilizantes em Serra do Salitre, no Triângulo, onde Lula estava presente. Zema cedeu a palavra ao vice, cuja fala não estava prevista. “Vou quebrar o protocolo. A minha fala vai ser muito rápida, mas quero escutar uma pessoa que é a mais impactada pelo que está acontecendo aqui hoje, que é o produtor rural”, disse o governador, se referindo a Simões.
Em Brasília, Simões, que chegou a sugerir que a proposta de Pacheco poderia ser descaracterizada, fez um aceno ao presidente do Congresso após a proposta de Lula de vincular a queda da taxa de juros à ampliação de matrículas no ensino médio técnico desagradar ambos. “Sabemos que o quê o presidente Rodrigo Pacheco quer e o quê o governador Zema quer é a mesma coisa: uma Minas Gerais que seja sustentável do ponto de vista econômico ao longo dos próximos anos”, disse.
A expectativa é que ainda nesta semana Pacheco apresente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a minuta de uma proposta com sugestões complementares àquela detalhada pelo governo Lula aos governadores. O texto a ser entregue pelo presidente do Congresso Nacional acolhe ponderações feitas pelos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União), do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) e de Zema.