Normalmente usado para, por exemplo, trocar o canal da TV ou configurar a temperatura do ar-condicionado, o controle remoto ganhou uma nova função: ajudar homens com disfunção erétil. Sim, é isso mesmo: uma empresa suíça está desenvolvendo um neuroestimulador, dispositivo que pode ser ativado pelo controle remoto, para tratar disfunção erétil. E tem um mineiro por trás dessa novidade.

“Eu fazia alguns estudos animais, estudava drogas, novos medicamentos para tratar disfunção erétil. Um dos modelos era utilizar neuroestimulação para testar novas drogas. Usando essa metodologia, pensei em usar também em humanos, já que temos marca-passo e outros neuroestimuladores”, disse Rodrigo Araujo Fraga da Silva, de 41 anos, que nasceu em Belo Horizonte, ao Super Notícia.

Foi assim que surgiu o CaverSTIM, neuroestimulador que ativa seletivamente o nervo que desencadeia a ereção peniana, restaurando a função erétil natural. A novidade está sendo usada em pacientes que precisaram fazer a prostatectomia (remoção da próstata) ou que têm lesão medular e ficaram paraplégicas. 

Formado em farmácia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde também fez doutorado em farmacologia, o pesquisador explicou que cerca de 30% dos pacientes com algum tipo de disfunção erétil não respondem bem aos tratamentos mais convencionais para a disfunção erétil, como remédios, prótese peniana e injeções para auxiliar na ereção.

Rodrigo Araujo é um dos desenvolvedores do CaverSTIM (Créditos: Arquivo pessoal)

Foi pensando nesse público que em 2017 ele fundou a Comphya, empresa suíça de dispositivos médicos da Escola Politécnica Federal de Lausanne, especializada no tratamento de disfunção erétil para pacientes não responsivos à terapia oral.

Empresa busca mais pacientes 

Ainda não disponível para todo o público, o CaverSTIM está em fase avançada de testes na Austrália e no Brasil. O dispositivo tem se mostrado seguro, segundo Rodrigo Araujo. Anvisa, Comitê de Ética em Pesquisa e agência reguladora em vigilância sanitária da Austrália já aprovaram os estudos.

“Na Austrália, nós temos sete pacientes que fizeram a prostatectomia. Em dois meses, aproximadamente, todos eles recuperaram a função erétil do pênis e não apresentaram nenhum tipo de efeito colateral”, detalhou.

Já no Brasil, acrescentou, são cinco pessoas com lesão medular. “Nosso objetivo é que tenhamos mais pacientes no Brasil, mas que fizeram prostatectomia, e também avançar os estudos nos Estados Unidos”, disse. 

A previsão do especialista é que o CaverSTIM comece a ser ofertado ao público em 2027.

Confira outras respostas de Rodrigo Araujo

Por que o CaverSTIM é melhor que outros tratamentos?

Nosso público-alvo é a população que não consegue ter uma resposta a remédios, como o Viagra, por exemplo. Cerca de 30% dos homens com disfunção erétil não respondem bem ao medicamento. Outra alternativa é a injeção, mas é necessário fazer o procedimento toda vez que quiser ter uma relação sexual. A opção final é o implante peniano, uma prótese que se coloca dentro do pênis e é inflável. É algo definitivo e tem vários efeitos colaterais, como encurtamento do pênis e perda de sensibilidade. As soluções hoje são problemáticas, e a gente quer trazer uma melhor.

Quando o CaverSTIM estará disponível para o público?

Estamos acelerando as fases de testes e desenvolvimento. Para isso, precisamos de um investimento de cerca de US$ 5 milhões (cerca de R$ 27 milhões atualmente). Assim, conseguiremos avançar no projeto. Se tudo der certo, em 2027 estaremos comercializando o CaverSTIM.

Qual será o custo do produto?

Ainda não temos como precisar o valor neste momento, mas estamos trabalhando para ficar próximo de outros tratamentos, como a prótese peniana (cerca de R$ 82 mil).

Editoria de Arte / O Tempo