Imagine a cena: o “rala e rola” está intenso, você está quase no ápice do prazer e, quando acha que a experiência a dois está incrível, é surpreendido pelo parceiro ou parceira respondendo a alguma mensagem no WhatsApp ou dando uma olhada no Instagram. Se a cena “brochante” pode parecer surreal, a presença do celular na hora do sexo não está longe da realidade. Uma pesquisa realizada pela plataforma de vendas de smartphone SellCell, nos Estados Unidos, revelou que 17% das mulheres já usaram o celular durante os momentos íntimos. Entre os homens, esse índice é de 7%.

A psicanalista e sexóloga Lelah Monteiro avalia que a dificuldade em desconectar caracteriza um vício no uso do aparelho. “É como se o celular fosse um antigo cigarro, aquele cafezinho, ‘preciso dar uma olhada, dar um respiro’. Ou não gostam do sexo, ou, quando gostam, não conseguem estar, de fato, presentes”, detalha.

A especialista explica que, para as mulheres, pode ser mais difícil se esquecer de outras preocupações cotidianas. “Eu escuto muito das mulheres que não desligam do trabalho e dos filhos. ‘Dou só uma olhadinha no telefone, porque pode ser que a babá tenha ligado, ou pode ser a escola’. Certa insegurança, uma não entrega”, justifica.

Por outro lado, Lelah afirma que, entre os homens, o foco está geralmente no próprio desempenho e na potência do próprio pênis. “Os homens, quando estão pensando em sexo, geralmente estão pensando só em sexo”, completa.

A pesquisa da empresa SellCell também mostrou que 54% das pessoas preferem passar tempo no celular do que na companhia do parceiro. Metade dos entrevistados também afirmou que não ficaria duas horas em um encontro romântico sem dar uma olhada no celular.

O levantamento ouviu cerca de 5.000 pessoas, por meio de um formulário online. Os resultados foram publicados no site da empresa, em janeiro deste ano.

A reportagem do Super foi às ruas para saber se os mineiros costumam dar aquela espiadinha durante o sexo.

"Primeiro tem que terminar o ‘serviço’, depois você olha o que tiver que olhar. Se acontecesse comigo, ia ficar constrangido e perguntar o que ela estava olhando", disse o vendedor Luan Santos, de 21 anos.

"Comigo não iria acontecer, porque eu não iria deixar, iria parar tudo na hora! Mas vejo que, se não tiver a preocupação em dosar a dependência do celular, creio que isso pode acontecer. Por mais que tenha achado uma loucura, eu não duvido", comentou Lariane Santos, criadora de conteúdo de 34 anos.

"Comigo já aconteceu, e eu falei para ela: ‘Nós estamos aqui para viver o momento ou mexer no telefone?’. Ela guardou o celular e pediu desculpas. É muita rede social, e tudo a pessoa quer dar uma olhadinha. Eu prefiro sempre viver ali o momento, aquela ‘vibe'", falou Fábio Júnior dos Santos, ambulante de 34.

"Já aconteceu de uma pessoa me mandar uma mensagem e eu precisar parar e olhar. Mas não costumo usar, não. Se não for urgente, é um absurdo, tira a sensação do momento", respondeu Edna Aparecida da Silva, de 49 anos.

Foco

Outro motivo que pode levar as pessoas a olhar o celular é a hiperatividade. A psicanalista Lelah Monteiro explica que é mais comum que as pessoas não consigam se concentrar em somente uma coisa por vez. “As consequências são o outro achar que não está interessante”, acrescenta.