O mês de janeiro pode representar, para muitas pessoas, o recomeço e vir acompanhado de motivação e entusiasmo. Já para outras, pode ser encarado com certa desesperança, talvez por carregar o peso de metas e sonhos não realizados do ano que passou. Fato é que janeiro chega para abraçar a todos e vem de branco, simbolizando a possibilidade de novos começos e a construção de relações mais sinceras, autênticas, sustentáveis e saudáveis. 

Em entrevista ao O Tempo News 2, na FM O Tempo, o psicólogo, escritor e criador da campanha 'Janeiro Branco', Leonardo Abrahão, explica que o sofrimento sempre vai existir, no entanto, precisa ser encarado como uma escola, uma possibilidade de aprendizado. "É saudável que os seres humanos enfrentem seus problemas. A grande questão é como sofrer. O importante é aprender a sofrer e evoluir com esse sentimento", afirma.

Leonardo ainda destaca que a saúde mental não diz respeito apenas aos transtornos mentais e sim ao bem estar, às emoções, ao sentido da vida e à saúde nos relacionamentos. "A gente não sabe quase nada sobre isso'. A saída, segundo ele, é dialogar, falar com os individuos que precisam aprender a cuidar da saúde mental. Além disso, estimular as empresas a investirem em ações e pressionar por políticas públicas. "Esse é o assunto mais importante do século e do milênio".

Campanha 'Janeiro Branco'

O movimento foi criado em 2014, em Minas Gerais, pelo psicológo, escritor e palestrante Leonardo Abrahão para convidar a sociedade a refletir, dialogar e agir em prol do bem-estar emocional e já se consolidou como um marco no calendário brasileiro. Desde 2023, é reconhecida oficialmente como Lei Federal (Lei 14.556/23).

Com o tema 'O que fazer pela saúde mental agora e sempre? ', a campanha prevê estimular o engajamento de indivíduos, famílias, empresas e instituições públicas e privadas em ações concretas que estimulem a valorização da saúde mental como prioridade coletiva. Palestras, rodas de conversa, oficinas, caminhadas, corridas e eventos culturais estão previstos em diversas cidades do país, reunindo a população em geral e profissionais de saúde. 

Saúde mental no Brasil

- De acordo com o Global Mind Project, o Brasil enfrenta desafios significativos em saúde emocional pós-pandemia. Dentre os entrevistados, 34% relatam angústia, enquanto 38% estão em processo de recuperação, com os jovens abaixo de 35 anos sendo os mais afetados.

- Na América Latina, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão, além de ser o segundo com maior prevalência nas Américas, segundo a Organização Mundial da Saúde. Em relação aos transtornos de ansiedade, o Brasil é o líder no mundo de acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde, divulgada em 2019. Novos dados divulgados em 2023 apontam que 26,8% dos brasileiros receberam diagnóstico médico de ansiedade.

- A taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% ao ano no Brasil entre os anos de 2011 e 2022. Já as taxas de notificações por autolesões na faixa etária de 10 a 24 aumentaram 29% a cada ano nesse mesmo período. O número foi maior que na população em geral, cuja taxa de suicídio teve crescimento médio de 3,7% ao ano e a de autolesão 21% ao ano, neste mesmo período. Entre os anos 2000 e 2019, o número de casos no Brasil subiu 43%, de acordo com a Fiocruz.

Cuide-se

- Faça atividades físicas
- Durma bem e o suficiente
- Alimente-se de forma saudável
- Invista em autoconhecimento, autoestima e autonomia
- Tenha hobbies terapêuticos
- Conecte-se com a natureza e a proteja
- Pratique gentileza, tolerância e paciência
- Procure ajuda pessoal e profissional quando necessário
- Incentive a conexão humana e a qualidade das relações
- Exerça seus direitos e respeite os dos outros
- Defenda a qualidade de vida
- Promova ampliação e efetivação de políticas públicas

Serviço:

www.janeirobranco.com.br