A venda do tadalafila — indicado para disfunção erétil — no Brasil aumentou mais de 2.000% em 9 anos. Um levantamento da Anvisa, divulgado na última sexta-feira (16/5), mostrou que a comercialização do medicamento saltou de 3 milhões de unidades em 2015 para 64 milhões em 2024. O crescimento pode estar diretamente ligado à circulação de vídeos em plataformas digitais, onde o remédio é chamado informalmente de "tadala". Nesses conteúdos, jovens compartilham o uso da substância antes de encontros ou até diariamente, com a ideia de melhorar o desempenho sexual. Há ainda quem use o fármaco
para a rotina de treinos em academias.
No entanto, o uso indiscriminado do medicamento pode trazer sérios riscos à saúde. Conforme o Conselho Federal de Farmácia (CFF), o consumo descontrolado pode causar reações adversas e perigosas interações com outros medicamentos. “Alguns dos efeitos colaterais mais comuns incluem dor de cabeça, indigestão, dor nas costas, rubor facial, congestão nasal e dores musculares. Em casos raros, pode causar alterações na visão, audição ou batimentos cardíacos.”
Ainda segundo a entidade, não são todas as pessoas que podem ingerir o remédio. “É importante lembrar que a tadalafila não deve ser usada por todos os homens, especialmente aqueles que têm problemas cardíacos ou que tomam medicamentos contendo nitratos. O uso deve ser sempre prescrito por um médico e os pacientes devem seguir cuidadosamente as instruções de dosagem e administração sob orientação do farmacêutico.”
A respeito do consumo para melhorar a performance em atividades de musculação, o conselho alerta que o tadalafila atua dilatando os vasos sanguíneos, o que pode levar a um aumento momentâneo do fluxo de sangue durante o exercício. “O medicamento não foi desenvolvido para esse fim, por isso são emitidos alertas sobre os perigos de buscar atalhos no desempenho físico sem supervisão profissional. A combinação de prática de exercícios físicos com o uso irresponsável de fármacos é encarada como potencialmente prejudicial à sociedade", esclarece a conselheira do CFF, Fátima Cardoso.
Disfunção erétil no Brasil
A disfunção erétil atinge cerca de 50% dos homens acima de 40 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia. No Brasil, o acesso a medicamentos como a tadalafila e o citrato de sildenafila, popularizados como tratamentos eficazes, tem aumentado de forma expressiva. Recentemente, a Anvisa proibiu a comercialização da Metbala, produto em formato de goma que continha tadalafila. Em nota, a agência reguladora informou que a medida foi adotada porque o produto não tem qualquer tipo de regularização junto à agência.