Proteína essencial para o corpo humano, o colágeno é responsável por manter a resistência, a elasticidade e a sustentação de estruturas como pele, tendões, ligamentos, ossos e articulações. Com o passar dos anos, porém, a produção natural dessa proteína diminui gradualmente, o que é ainda mais perceptível na terceira idade. Por isso, a suplementação oral de colágeno tem ganhado espaço, mas surge a dúvida: será que realmente é necessária?

Apesar de amplamente difundido, o consumo de colágeno ainda gera debate na comunidade científica. Não há consenso entre os especialistas em saúde sobre sua real eficácia e, por isso, a recomendação é que a reposição seja avaliada individualmente, sempre com orientação médica.

Nutricionista e diretora da Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), Fabiana Poltronieri defende que a suplementação comece a partir dos 30 anos. “Costumo dizer que essa é uma avaliação que tem que ser feita com o seu médico, é individual. Já existem algumas evidências em ensaios clínicos que comprovam benefícios. Porém, é preciso fazer uma prescrição personalizada”, esclarece.

O colágeno representa mais de 30% da proteína total do corpo, mas cada tecido possui um tipo diferente. O que predomina na pele, por exemplo, não é o mesmo presente nas articulações.

Suplementação de colágeno na terceira idade: é realmente necessária?

Fabiana Poltronieri destaca que apenas a suplementação não resolve problemas relacionados à baixa produção da proteína. “Sabemos que o colágeno é importante para manter ligamentos e cartilagens firmes, mas também sabemos que isso depende de outros fatores. O colágeno não vai, por exemplo, tratar um desgaste já existente na articulação, mas pode auxiliar na prevenção”, explica.

A nutricionista, doutora em Ciência dos Alimentos, reforça que a suplementação pode trazer resultados, mas que manter uma rotina saudável é essencial. “O que eu busco com aquela suplementação de colágeno? É importante ter clareza: pode melhorar alguns aspectos, mas precisamos nos hidratar bem. Muitas vezes a pessoa se preocupa em consumir colágeno, mas não bebe água suficiente”, alerta.

Geriatra e professora da pós-graduação da Faculdade Ciências Médicas de Minas, Ariane Lage ressalta que o uso do colágeno é difundido como aliado contra o envelhecimento, mas pondera que, apesar dos muitos estudos, ainda são necessárias mais pesquisas para comprovar sua eficácia. “O conhecimento sobre o destino do colágeno suplementado no organismo ainda é escasso”, afirma.

A médica reforça que é necessária uma ingestão adequada de proteínas na alimentação para que o corpo produza as proteínas essenciais, incluindo o colágeno. Segundo ela, manter uma alimentação balanceada é um dos pilares do bom envelhecimento.

Além disso, a prática regular de atividades físicas também é fundamental, trazendo benefícios para a saúde cardiovascular, osteomuscular, prevenção de alguns tipos de câncer e, inclusive, para a saúde da pele.

O que é colágeno hidrolisado?

Nutricionista e presidente do Conselho Regional de Nutrição da 9ª Região, Daniela Corrêa Ferreira explica que o colágeno hidrolisado é o mais indicado para suplementação, por ser a forma mais facilmente absorvida pelo organismo. “O colágeno hidrolisado é reconhecido como um nutracêutico seguro, cuja combinação de aminoácidos estimula a síntese de colágeno nas cartilagens e na matriz extracelular”, destaca.

Na avaliação da especialista, o colágeno hidrolisado ainda pode ter função terapêutica positiva em doenças como osteoporose e osteoartrite, com potencial aumento da densidade mineral óssea, proteção da cartilagem articular e alívio dos sintomas de dor. “Embora não exista consenso na literatura científica sobre a dosagem ideal a ser administrada”, ressalta.

A nutricionista aponta que mais estudos são necessários para determinar os fatores patogênicos envolvidos nas doenças, a importância do diagnóstico precoce e em que fase da vida seria recomendada a suplementação, bem como a dosagem adequada para alcançar resultados significativos.

Cuidados na suplementação

A geriatra Ariane Lage reforça que a maioria dos estudos não demonstrou efeitos adversos da suplementação com colágeno. No entanto, alerta para a importância de consumir apenas produtos regulamentados. Fórmulas de origem duvidosa, sem registro adequado, podem ter composição diferente da declarada e, em casos extremos, colocar a saúde em risco. Por isso, é fundamental verificar se o suplemento tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

* Estagiária sob supervisão de Renata Evangelista