O técnico do América, William Batista, questionou a forma como está sendo conduzido o processo contra o meia Miguelito, acusado de injúria racial pelo atacante Allano, do Operário-PR. Em entrevista coletiva após o empate com o Paysandu, pela oitava rodada da Série B, o treinador do Coelho reconheceu a gravidade de episódios de injúria racial, mas cobrou cautela diante da ausência de provas materiais.
“O Miguelito saiu algemado. Quem provou que ele foi racista? Eu odeio racismo. Mas ninguém provou nada. E tem vídeo, parece, que mostra que um dos jogadores que acusou disse em campo que não ouviu”, declarou William Batista.
Miguelito será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na próxima segunda-feira (19), às 11h30. No relato da súmula, o árbitro declarou que o atleta do América teria chamado Allano de “preto cagão”. O volante Jacy, capitão do Operário, também afirmou ter ouvido a ofensa. Contudo, o responsável pela partida afirmou não ter recebido nenhum tipo de ocorrência policial a respeito do suposto caso de injúria racial. "Até o término da presente súmula, não foi apresentado nenhum boletim de ocorrência a equipe de arbitragem".
O caso de Miguelito foi denunciado com base no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. O texto fala em "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência".
Para o treinador do América, o tratamento dado a Miguelito após a partida tem sido desproporcional, e concluiu cobrando responsabilidade de todos os envolvidos no processo.
“Se teve racismo, tem que ser punido. Mas e se não teve? Onde fica a responsabilidade de quem acusa? Ninguém é melhor do que ninguém. Tem que parar com essa hipocrisia”, afirmou. “As pessoas dizem que a injúria racial é um ato de ódio. E o que fazem para combater? Mais ódio. Se ele falou, que pague. Mas se não falou, quem vai pedir desculpa pra ele?”, questionou William Batista.