O boliviano Miguelito, do América, foi preso em flagrante na noite desse domingo (4) após ser acusado de cometer injúria racial contra o jogador Allano, do Operário-PR, durante partida entre as equipes no estádio Germano Krugger, em Ponta Grossa, pela sexta rodada da Série B do Brasileiro.

Em função do episódio, a partida chegou a ficar paralisada por cerca de 15 minutos depois que a arbitragem colocou em prática o protocolo antirracista estipulado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Na súmula da partida, o árbitro tocantinense Alisson Sidnei Furtado revelou que Allano o procurou "alegando ter sido chamado de 'preto cagão'' por Miguelito, quando eram decorridos 30 minutos do jogo. 

O árbitro, entretanto, afirmou no documento oficial que nenhum integrante da equipe de arbitragem viu/ouviu a possível ofensa.

Também não foi possível obter o registro pelas imagens da detentora dos direitos de transmissão da partida, pelo fato de Miguelito estar de costas para as câmeras. 

Entretanto, como o volante Jacy, capitão da equipe do Operário, que estava próximo do lance, confirmou a ofensa em seu depoimento, o testemunho foi considerado suficiente para configurar o flagrante.

Após a partida, Miguelito foi levado à 13ª Subdivisão Policial, assim como Allano e Jacy, onde prestaram depoimento.

Miguelito teve a prisão confirmada por injúria racial e passou a noite detido. Nesta segunda (5), ele deve passar por audiência de custódia. A expectativa é de que o inquérito policial seja concluído ainda no decorrer desta semana.

O crime de injúria racial prevê pena de até cinco anos de reclusão e não permite o pagamento de fiança.

APOIO JURÍDICO

De acordo com o América, o advogado pessoal de Miguelito já está acompanhando o caso, mas o clube também presta apoio jurídico ao jogador. 

Dower Araújo, presidente do América SAF, e Daniel Negrão, supervisor de futebol do clube, permanecem em Ponta Grossa, acompanhando de perto a situação.

Nesta segunda (5), Miguelito já deixou a delegacia e foi levado para o Fórum de Ponta Grossa. O restante da delegação do América já iniciou viagem de retorno a Belo Horizonte.

A reportagem de O TEMPO acionou a Polícia Civil do Paraná e aguarda retorno com mais detalhes sobre a investigação. 

Entretanto, em nota divulgada na madrugada desta segunda (5), a Polícia Civil do Paraná já havia confirmado o flagrante. "Embora as imagens da transmissão oficial não tenham captado a ofensa, já que o atleta estava de costas para as câmeras no momento da fala, os depoimentos foram considerados suficientes para a caracterização do flagrante".

A PC-PR tenta obter possíveis imagens captadas de outros ângulos que possam ter registrado a fala racista.