O Atlético está vivo na disputa pelo título da Copa do Brasil 2024, e isso se deve unicamente ao fator espírita do futebol. No jogo de ida, o Flamengo esteve próximo de matar o confronto, ao ter precisão para fazer três gols diante de um Galo que nem de longe foi o Galo que chegou às finais de copas.

Não se esperava um Atlético tão pobre ofensivamente e deficiente defensivamente, a ponto de Gabriel voltar a ser Gabigol. Muito menos se esperava a ressurreição de Alan Kardec, que fez o que dele não se esperava. Bom para o Alvinegro.

Decepção tática e tecnicamente

A postura do time atleticano na maior parte do jogo, óbvio, esteve abaixo do esperado, mas, sobretudo, foi estranha para um conjunto que era retratado como uma equipe de mata-mata.

O primeiro ataque do jogo, em um Maracanã lotado, terminou com o atleticano Gustavo Scarpa obrigando Rossi a fazer uma boa defesa. E parou por aí. O letal Flamengo apareceu, pela primeira vez, quando o Atlético deu um espaço que há muito tempo não dava em jogos eliminatórios. Um latifúndio? Em um jogo decisivo? Por parte desse Atlético, que tão bem fechou a casinha diante de São Paulo, Fluminense, Vasco e River Plate? Um Galo irreconhecível. Um carrasco, para o atleticano, infelizmente, não. Arrascaeta, 1 a 0.

Foi depois do primeiro gol do jogo que ficou claro como o principal ponto da escalação de Milito não funcionou. O treinador argentino, pelo que viu no jogo de ida contra o Vasco, tinha o pleno direito de escalar Rubens e Arana. Voltou a apostar numa dobra, que não se mostrou eficaz - defensiva e, muito menos, ofensivamente. 

Fausto Vera não estava em campo. Perdeu-se, hoje, o melhor passador do time. Deyverson não estava em campo. Perdeu-se o sentido para cruzar bolas na área, a única alternativa ofensiva demonstrada pelo Atlético no Maracanã. Ninguém para passar bem, cruzar bem e cabecear bem. Todos nós sabemos da qualidade de Hulk, Paulinho e Scarpa. Principalmente os defensores do Flamengo, muito melhores do que os defensores dos times que o Galo derrotou nos últimos jogos de mata-mata.

Antes de pender para o lado preto e branco, o fator espírita do futebol favoreceu, primeiro, o Flamengo. Gol de Gabriel, o Gabigol, que reencontrou em uma só jogada a categoria e o poder de finalização que ele tem e mais um espaço fatal que o Atlético deu. Detalhe muito importante: gol no lado esquerdo do Galo, onde supostamente havia uma dobra.

Segundo tempo

Zaracho, que tem mais qualidade e coragem para passar a bola para a frente em relação a Otávio, e Alisson, que é mais ponta do que Scarpa, entraram para dar mais verticalidade a um time horizontal demais para quem está perdendo e jogando mal. 

Antes de os dois se tornarem importantes, um deles virou refém - do próprio ritmo de jogo. Zaracho, acionado depois de um longo e tenebroso inverno, verão, primavera e outono - perdeu uma bola que não perde habitualmente, o que culminou na segunda finalização muito feliz de Gabriel no jogo.

Três a zero, contra o Flamengo, não dá. O discurso da motivação atleticana para levantar a primeira taça na Arena MRV é o mesmo que descreve a força do time de Filipe Luís, aumentada pelo placar: é o Flamengo, não dá. 

E, agora, só dá pelo fator espírita. De Alisson para Zaracho, para o vacilo de Léo Ortiz, para Alan Kardec, para o gol. De três para dois. Do impossível para o possível. De tão irreconhecível que foi a atuação atleticana, o centroavante espírita, sumido que só ele, devolve vida para um Atlético, que do Maracanã só leva mesmo o gol de desconto.