"Chega de omissão". A frase estampada no cartaz do protesto demonstra a insatisfação de parte da torcida do Atlético contra a diretoria do clube e o desempenho da equipe nos últimos jogos do Campeonato Brasileiro. No ato programado para essa quarta-feira (10 de julho), os torcedores prometem cobrar os gestores da SAF alvinegra por investimentos no elenco, além da solução de problemas, como a acústica da Arena MRV.  A manifestação está marcada para às 20h, em frente à sede de Lourdes.

Dentro de campo, a equipe do técnico Gabriel Milito venceu apenas dois dos últimos dez jogos pelo Brasileirão. São quatro derrotas e quatro empates. Jogando ao lado do seu torcedor, na Arena MRV, a equipe não vence há cinco jogos. O Atlético está em 12° lugar, com 18 pontos. O aproveitamento na competição é de 42%.

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"A equipe enfrenta um momento muito negativo. Não é aceitável um clube dessa grandeza sofrer quatro goleadas em curto tempo. Praticamente demos adeus a disputa do título. Agora é lutar para ficar entre os primeiros e conseguir uma vaga na Libertadores, caso a gente não consiga vencer a competição ou a Copa do Brasil", afirma o atleticano Lucas Andrade, de 25 anos, que promete comparecer ao ato desta quarta-feira (10).

Pelo Brasileirão, o Galo foi goleado pelo Palmeiras (4 a 0), Vitória (4 a 2), Flamengo (4 a 2) e Botafogo (3 a 0). Apesar do desempenho ruim na competição, o Galo está classificado às oitavas de final da Copa do Brasil e da Libertadores.

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Desfalques e reforços

Uma das justificativas apresentadas pela comissão técnica e pela diretoria para o desempenho ruim nas últimas partidas é o número de desfalques. Além de atletas lesionados, que foram para o Departamento Médico, a equipe de Gabriel Milito teve baixas com jogadores convocados pelas seleções para a disputa da Copa América. Entre eles, o lateral Guilherme Arana, o volante Alan Franco e o atacante Vargas.

"O elenco é curto, embora tenha ocorrido o azar de várias lesões em sequência. O planejamento foi muito ruim. Não ter laterais de origem na última partida (contra o Botafogo) e precisar improvisar jogadores de outras posições deixou esse problema muito claro", avalia o atleticano Lucas Andrade.

A avaliação dele é a mesma do atleticano Rodolfo Pena Simões, de 30. "O elenco é curto e pouco qualificado. Temos um time titular forte, mas sem peças de reposição a altura. No protesto vamos deixar claro o apoio ao treinador e ao elenco. Nossa cobrança será por reforços, e de qualidade. Mais importante que a quantidade é a qualidade desses atletas", afirmou.

Para o segundo semestre, o Atlético já anunciou as contratações do atacante Bernard e do zagueiro Lyanco. O clube deve confirmar durante a semana o retorno do zagueiro paraguaio Junior Alonso. Outro atleta que pode reforçar a equipe do técnico Gabriel Milito é o volante argentino Fausto Vera, do Corinthians.

Acústica na Arena MRV

No protesto desta quarta-feira (10), os torcedores também prometem cobrar soluções para a acústica da Arena MRV. Segundo eles, o som da torcida não reverbera, impedindo que o estádio possa se transformar "em um caldeirão". "É um problema gravíssimo. Prometeram um caldeirão e entregaram um estádio que abafa a massa, que não deixa o nosso grito ecoar. A torcida está insatisfeita, isso é muito triste", indica Simões.

Torcedores estão insatisfeitos com a acústica da Arena MRV. Foto: Divulgação / @arenamrv

De acordo com o clube, o projeto da cobertura da Arena foi desenvolvido para atender as exigências do processo de licenciamento da Prefeitura de Belo Horizonte. A orientação era para que fosse mantido, dentro do estádio, uma quantia específica de decibéis. Para atender a determinação, foi instalada a lã de rocha, um isolante térmico e acústico. O Atlético afirmou ter conhecimento da insatisfação da torcida e garantiu que está em busca de soluções.

"Isso afastou o público raiz. Seja pela acústica, que não é o que prometeram, e também pelo preço dos ingressos. O torcedor não está animado para ir ao estádio porque o som não reverbera e o público não tem dinheiro. As pessoas não estão se sentindo tão representadas como antes", indica Lucas Andrade.

Gestores da SAF

A torcida atleticana também promete cobrar mais transparência dos gestores da SAF. Segundo eles, os dirigentes administram o clube conforme os interesses particulares e "ignoram as demandas da torcida". Eles avaliam que essa postura pode afetar a torcida atleticana, considerada como o maior patrimônio do clube.

"Todo o processo da SAF foi atropelado, sem transparência e sem incluir a torcida nos debates. A torcida foi jogada para escanteio. E hoje falta planejamento também nas categorias de base, onde o Galo já revelou grandes jogadores e agora tem sofrido alguns vexames. O mesmo acontece no futebol feminino", indica o torcedor Lucas Andrade.  

Problemas que, segundo Rodolfo Simões, poderiam ser amenizados caso o clube adotasse uma política de transparência com a torcida. "Muitas promessas não foram cumpridas. Eles erram e não assumem, ficam terceirizando a culpa. Não colocam a cara para dar satisfação", finaliza o torcedor.