Na vitória do Atlético contra o San Lorenzo, na última terça-feira (20), por 1 a 0, a torcida do alvinegro montou um mosaico com os dizeres “No to racism” - não ao racismo, em inglês. O gesto foi um protesto contra as atitudes racistas da torcida argentina no jogo de ida, em Buenos Aires.
Por conta de casos como esses, cresce o número de ações conscientizadoras no ambiente esportivo, seja com atletas, torcedores e dirigentes. O debate é essencial em um ambiente onde o preconceito é muito presente. De acordo com a CBF, 41% dos profissionais do futebol brasileiro auto declarados negros já sofreram com algum ataque racista.
Segundo levantamento do Observatório de Discriminação Racial no Futebol, em 2014, 25 crimes de injúria racial no futebol foram registrados. Esse número mais que dobrou em 2022, com 64 casos, e, até junho de 2024, 90 já foram contabilizados.
Com o intuito de promover a conscientização, o Fortaleza, no Dia Nacional do Combate à Discriminação Racial, realizou uma ação, publiacndo um vídeo onde um rapaz negro, de agasalho e chinelo, é perseguido por seguranças de uma loja e, ao o abordarem, no entanto, os funcionários pedem para tirar fotos com o indivíduo, que tira o capuz e revelar ser o lateral Tinga, jogador do Fortaleza.
“Essa é a nossa resposta histórica para lembrar de algo tão importante e que deveria ter sido superado por nossa sociedade, pois a cor da pele não define quem nós somos. Ninguém melhor que nosso capitão Tinga para representar a luta contra esse preconceito social no Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial”, comenta o Diretor de Comunicação e Marketing do Fortaleza, Marcel Pinheiro.
Essa não é a primeira vez que o Leão do Pici realiza ações em contra o preconceito, em jogo válido pela Copa Libertadores, o clube promoveu um belo mosaico no Castelão, com os dizeres “Stop Racism” (“Pare o Racismo”), além de um punho cerrado em sinal de resistência, símbolo da luta anti-racista
O Avaí é mais uma equipe que está investindo nesse processo de consciência coletiva, para isso, a instituição efetuou um treinamento intensivo de letramento racial para profissionais das categorias de base, visando introduzir conceitos básicos sobre o racismo e explicar porque ele continua enraizado na sociedade.
O time catarinense também promoveu uma ação em parceria com o Ministério Público de Santa Catarina denominada “Cartão Vermelho para o Racismo: respeito dentro e fora de campo”, que teve como principal objetivo a conscientização dos envolvidos em uma partida de futebol, como dirigentes, atletas, árbitros, torcedores, imprensa e o público geral.
“Sabemos da nossa importância na sociedade enquanto clube de futebol. Movemos multidões durante a realização dos jogos e participar desta importante campanha contra o racismo é contribuir para a igualdade e respeito. O racismo não tem espaço em nossa sociedade e é dever do Avaí fazer parte desta luta”, destacou o presidente do clube, Júlio César Heerdt.
No manto
Outra estratégia que tem sido utilizada pelo esporte é a produção de camisas ligadas à causa racial, como o segundo uniforme do Corinthians para a temporada 2024, que fez parte da campanha denominada “Nossa história é uma página em preto”, que visa promover iniciativas de combate ao racismo.
A Volt Sport é uma fornecedora de material esportiva brasileira bem engajada na luta antidiscriminatória no esporte. Em parceria com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, a empresa criou uma coleção especial entitulada “Consciência Negra Todo Dia”, com camisas do América, Botafogo de Ribeirão Preto, CSA, Figueirense, Santa Cruz e Vitória.
“Desde a fundação da marca, essa é uma das nossas idealizações mais especiais nesta trajetória. Em 2021, lançamos para dois clubes e foi um sucesso, tanto do engajamento do torcedor quanto do aspecto social. Neste ano, pulverizamos a ideia, teremos diversas peças especiais para ajudar na luta contra este problema que, infelizmente, ainda está fortemente presente na sociedade”, disse Fernando Kleimmann, sócio-diretor da Volt.