O Atlético trabalha com duas grandes joias do futebol brasileiro em sua base, os pontas Wallysson “Mosquito” e Gabriel “Veneno”, ambos de 16 anos. Além da clara qualidade técnica em campo, a dupla já ganhou os holofotes, assinou contratos com as principais fornecedoras do mundo, tem multas milionárias e já está no radar da torcida e de grandes clubes da Europa.
Com todo esse holofote em cima dos jovens, o Atlético tenta manter o foco dos jogadores no campo, para que eles possam se tornar tudo aquilo que prometem e não se percam na (des)ilusão da fama tão cedo, além de não sofrerem tanta pressão, já que são muito visados e há enorme expectativa - da família, do clube, amigos e da torcida - em cima deles.
Gabriel, o Veneno
João Gabriel Castro Santos nasceu em 16 de julho de 2009 e ganhou o apelido de “Veneno” quando foi picado por uma cobra e teve que amputar parte do dedo da mão ainda na infância. Aos 16 anos, ele é visto como o maior talento de todas as categorias da base do Atlético.
Rápido, habilidoso e, principalmente, ousado, Gabriel Veneno chama atenção quando pega na bola. A falta de medo de encarar adversários é notória. Vai pra cima de qualquer um, sempre com um drible guardado na manga.
Ele atua pelo sub-17 e tem projeção para logo se juntar ao sub-20 e ao profissional. No último dia 10, ele assinou seu primeiro contrato profissional com o Atlético, que fez de tudo para segurar o jogador. Veneno é tão destacado que já recebeu algumas propostas de gigantes do futebol europeu, mas foi convencido pelo Galo que o melhor é seguir no clube. A multa dele para fora do Brasil é de 60 milhões de euros (R$ 385 milhões).
O primeiro contrato profissional de Gabriel Veneno foi “a maior operação da história da base do Atlético”. Nos últimos meses, ele já chamou atenção por ter fechado um patrocínio global com a Adidas, algo que só as estrelas mundiais possuem. Ele também foi chamado de "Novo Neymar" pelo jornal As, da Espanha.
O Galo vê em Veneno uma porta para dizer ao mundo que consegue produzir grandes estrelas, e usar ele como o início da “nova era” da base atleticana, mais forte e que consegue entregar jogadores que façam a diferença no profissional, algo que não tem sido comum nos últimos anos.
Wallysson, o Mosquito
Wallysson Breno Freitas da Silva nasceu no dia 25 de abril de 2008. O apelido de “Mosquito” é perceptível, já que ele é um jogador muito franzino e leve. Aos 16 anos, chama atenção pela agilidade e o drible, a mudança de direção com a bola também ganha destaque.
Mosquito assinou recentemente seu primeiro contrato profissional com o Atlético, com uma multa de R$ 390 milhões para o exterior. Outro contrato assinado por ele foi com a gigante dos materiais esportivos, Nike. Sua qualidade com a bola fez com que o treinador do sub-17, Henrique Teixeira, o tirasse do lado do campo e colocasse como meia, atuando com (e como) a 10.
“Começamos a desenhar ele como um meio-campista, já imaginávamos pelas características. Começamos a colocar ele ali, com Veneno e Ronaldo na posição (inicial dele, aberto pela direita). Ele acabou jogando alguns minutos nessa função. Ajustamos o que ele vinha errando, trabalhamos as questões, as diferenças, as movimentações e os espaços para usar nessa função. Acho que ele desempenhou muito bem e criou um lado direito muito ofensivo. Foi um diferencial nosso no jogo”, disse o treinador ao O TEMPO Sports após a vitória por 2 a 1 contra o Corinthians, no Brasileiro Sub-17.
Atlético quer os jovens focados no campo
Com tantos holofotes, contratos, dinheiro e pressão em cima de jogadores tão jovens, o Atlético trabalha para que eles não deixem que nenhuma dessas coisas os afetem a ponto de perderem o rumo que é esperado, de se tornarem grandes jogadores.
Para isso, é feito um acompanhamento do clube bem perto com os jogadores, familiares e representantes. Foi assim, por exemplo, que o Galo conseguiu segurar Gabriel Veneno mesmo com as tentadoras ofertas europeias. O foco precisa ser no campo, como citou Henrique Teixeira.
“Esses jogadores, como tem uma mídia maior, o trabalho difícil é fazer eles se manterem focados no campo. Quanto mais eles melhorarem no campo, mais perto estão de performar melhor e chegarem onde quiserem. O grande desafio com esses meninos com mais notoriedade é focar no dia a dia. O tratamento é fazer com que eles foquem no campo, não perder essa essência de trabalhar, melhorar, treinar. Não desfocar disso. Tudo que é externo ao jogo, afeta eles em campo. Quanto mais eles focarem no que precisam para melhorar, melhor pra eles”, afirmou.
A expectativa é que jogadores como Mosquito e Veneno em breve estejam atuando pelo profissional do Atlético. Cuca já pediu publicamente para que Gabriel ao menos treine com o elenco dele, o que deve acontecer em breve agora que ele assinou contrato. Os dois jogadores também já foram relacionados para o sub-20, mesmo apenas com 16 anos.
Gerente-geral da base do Atlético, Luiz Carlos de Azevedo comentou ao O TEMPO Sports sobre o processo da categoria com esses jogadores mais novos: "Estamos seguindo o planejamento estipulado com o Paulo Bracks e toda a direção desde a minha chegada ao Clube, olhando com atenção e criando oportunidades à atletas mais jovens, das gerações de 2008 e 2009”.
Luiz Carlos ainda destacou que sete jogadores do sub-17, fora Veneno e Mosquito, já atuaram no Brasileiro sub-20, e que o Atlético é, ao lado do Corinthians, o time que mais dá oportunidades aos mais novos em categorias acima da idade.
Enquanto isso, Cuca pode contar com Iseppe, de 19 anos, que é outro apontado com grande potencial e já faz parte do elenco profissional. Ele só não estreou ainda pois, no início do ano, teve alteração no coração detectada, e teve que ficar quatro meses parado até refazer todos os exames e ser liberado. A expectativa é que ele ganhe chances no segundo semestre.