Os torcedores do Atlético que foram ao Independência naquele dia 8 de julho de 2012 nem imaginavam, mas presenciavam a estreia de um jogador que marcaria seu nome na história do clube: o goleiro Victor, que vestia a camisa alvinegra pela primeira vez há exatos 13 anos.
A chegada do goleiro, que vinha se destacando pelo Grêmio e na seleção brasileira, havia sido anunciada pouco antes, no dia 29 de junho de 2012, por Alexandre Kalil, então presidente do Atlético, de forma até 'inusitada'.
Em suas redes sociais, o dirigente postou:: "Torcida mais chata do Brasil, se o problema era goleiro não é mais. Victor é do Galo!"
A referência era em relação às reclamações dos torcedores do Atlético sobre os ocupantes do posto desde a saída de Diego Alves, ainda em 2007.
Foi neste quadro que Victor desembarcou em BH. Apresentado oficialmente no dia 4 de julho, ao lado do então diretor de futebol Eduardo Maluf, ele exaltou o projeto e falou em 'fazer história' pelo clube. Mas talvez nem ele pudesse imaginar o que viveria com a camisa alvinegra.
“Estou muito feliz por estar aqui, participando pela primeira vez como jogador do Atlético. É uma responsabilidade, mas uma responsabilidade gostosa porque o ser humano é movido a desafios e esse foi um dos principais motivos de ter aceitado o convite, esse desafio de poder fazer história aqui, conquistar títulos, dar alegria ao torcedor e ficar cada vez mais guardado no coração e na memória do torcedor”, disse o goleiro em sua apresentação.
Na ocasião, Victor também elogiou a estrutura que encontrou na Cidade do Galo. "Sei que o trabalho é sério e quando se trabalha sério os resultados acontecem. Esses foram os principais motivos, o desafio, a seriedade do trabalho e a estrutura que tem aqui no Atlético, que não se vê em nenhum lugar do país”, acrescentou.
NUMERAÇÃO DIFERENTE
O detalhe é que em sua primeira temporada no Atlético Victor usou uma numeração pouco usual no futebol, especialmente para goleiros: a camisa 83. Giovanni já estava com a número 1 e Renan Ribeiro com a 30.
Na sua apresentação, Victor explicou a escolha do número. “Foi numa discussão, no bom sentido, que tive com a minha esposa. Busquei algumas coisas na numerologia para buscar as opções. O oito significa vitória e prosperidade, e o três expansão e criatividade. Além disso, 83 também é o ano em que eu e minha esposa nascemos. Por isso, resolvemos segurar o 83”, revelou.
Quatro dias após sua apresentação, Victor estreou pelo Galo na vitória de 2 a 0 sobre a Portuguesa, pela 8ª rodada do Brasileirão, no Mineirão, diante de um público de 18.875 torcedores. Era só o primeiro ato de uma longa trajetória que se iniciava.
HISTÓRICO
No ano seguinte, Victor teria papel decisivo na conquista do maior título da história do clube, a Libertadores 2013.
Nas quartas de final da competição, diante do Tijuana, no dia 30 de maio, aos 47 do segundo tempo, no duelo disputado no Independência, defendeu, com o pé esquerdo, a cobrança de pênalti de Riascos, que eliminaria o Atlético da competição. A partir dali passou a ser chamado pela torcida de São Victor.
Pelo clube, no ano seguinte também conquistou a Copa do Brasil (com direito a vitória sobre o arquirrival Cruzeiro na final) e a Recopa Sul-Americana. Também foi pentacampeão mineiro (2013, 2015, 2017, 2020 e 2021)
Em 27 de fevereiro de 2021, quando tinha 38 anos, Victor anunciou a sua aposentadoria como atleta profissional.
O goleiro atuou pela última vez no dia seguinte, na estreia do Atlético no Campeonato Mineiro, diante da URT, no Mineirão. Ele foi o capitão da equipe e atuou os 90 minutos da vitória por 3 a 0, utilizando a camisa '424', em referência ao seu número total de jogos pelo Galo.
Logo após a partida, foi anunciado que Victor assumiria o cargo de gerente de futebol no clube. Sua história com o Galo continuaria, agora fora de campo.
PERFIL
Nome: Victor Leandro Bagy
Nascimento: 21/01/1983
Naturalidade: Santo Anastácio (SP)
Clubes
Paulista (2001 - 2003 a 2007), Ituano (2002), Grêmio (2008 a 2012), Atlético (2012 a 2021)
Títulos pelo Atlético
Libertadores 2013, Copa do Brasil 2014, Recopa 2014, Mineiros de 2013, 2015, 2017, 2020 e 2021
Título pela seleção
Copa das Confederações (2009)
Outros títulos
Paulista 2002 (Ituano), Copa do Brasil 2005 (Paulista), Gaúcho 2010 (Grêmio)